Estresse crônico pode aumentar risco de Alzheimer
Por Nathan Vieira • Editado por Luciana Zaramela |
Na última segunda-feira (2), um estudo publicado na revista científica Alzheimer’s Research & Therapy sugeriu que o estresse crônico pode ser um fator responsável por aumentar o risco de Alzheimer. Conforme o artigo, essas chances dobram quando o paciente tem um diagnóstico prévio de estresse.
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Por sua vez, em pacientes com estresse crônico e depressão, o risco de Alzheimer foi até quatro vezes maior. O estudo também lança um alerta para o risco de desenvolver comprometimento cognitivo.
Em comunicado, a equipe aponta que o risco ainda é muito pequeno e a causalidade é desconhecida. A descoberta é importante porque nos permite melhorar os esforços preventivos e compreender as ligações com outros fatores de risco para a demência.
Para conduzir o estudo, a equipe contou com a base de dados de Estocolmo, de pacientes com idades entre 18 e 65. Ao todo, os cientistas identificaram 44.447 pessoas com diagnóstico de estresse crônico e/ou depressão e as acompanharam por oito anos para ver quantas delas foram posteriormente diagnosticadas com problemas cognitivos leves ou mesmo Alzheimer.
Segundo os pesquisadores, considerando que é muito incomum que pessoas nesta faixa etária desenvolvam demência, torna-se necessário identificar todos os possíveis fatores de risco para a doença.
Assim, a ideia do estudo foi mostrar que o diagnóstico é mais comum em pessoas que sofreram estresse crônico ou depressão, mas ainda devem ser necessários mais estudos para demonstrar qualquer causalidade.
Estresse e depressão
Em 2022, um artigo apontou que longas horas de estresse podem levar à depressão, principalmente no que diz respeito ao trabalho. Profissionais que trabalham 90 ou mais horas por semana apresentam três vezes mais sintomas de depressão do que os profissionais que trabalham de 40 a 45 horas por semana.
Anteriormente, outro estudo revelou como o cérebro de pessoas deprimidas responde ao estresse: a alteração do glutamato em resposta ao estresse no córtex pré-frontal medial foi prevista pelos níveis individuais de estresse percebido recentemente.
Participantes saudáveis com níveis mais baixos de estresse mostraram aumento do glutamato em resposta ao estresse.
Impacto do estresse no cérebro
De acordo com um estudo de 2022, o estresse acelera o envelhecimento do sistema imunológico. A situação ainda tem outros desdobramentos, como aumento do risco potencial para casos de câncer e doenças cardiovasculares.
Anteriormente, apontamos como o estresse impacta cada sistema do corpo: picos de estresse podem ser benéficos a curto prazo, melhorando a motivação, a capacidade de foco e desempenho. No entanto, níveis elevados de cortisol, a longo prazo, podem interferir e danificar o hipocampo (uma área fundamental para a função da memória).
Assim, além de representar um risco maior para o Alzheimer, o estresse também tem potencial para danificar o córtex pré-frontal, relacionado a processos cognitivos que permitem planejar, organizar, resolver problemas e controlar impulsos.