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Embrião humano é criado sem espermatozoide ou óvulo

Por| Editado por Luciana Zaramela | 08 de Setembro de 2023 às 10h34

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Maxxyustas/Envato Elements
Maxxyustas/Envato Elements

Até onde a ciência consegue ir para compreender os mecanismos do organismo humano? Em Israel, pesquisadores do Instituto Weizmann deram um importante passo em busca de explicações sobre a origem da vida, com a criação de um modelo de embrião humano, feito sem o uso de espermatozoide, óvulo ou útero. Originado de células-tronco, o conglomerado de células se desenvolveu por 14 dias — o tempo limite permitido de pesquisas do tipo, seguindo padrões éticos.

Em preprint — estudo não revisado por pares — publicado na revista científica Nature, os autores explicam que o modelo de embrião humano criado é “completo”, pois imita todas as estruturas-chave que surgiriam em um embrião real nesta fase inicial de desenvolvimento. Até hoje, a ciência pouco compreende esses dias iniciais (e primordiais) para a formação de um ser humano.

Vale observar que outros modelos de embriões sintéticos já foram desenvolvidos, mas o grupo explica que nenhum é tão completo quanto este recém-anunciado.

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Qual é a fórmula para criar um embrião sem espermatozoide ou óvulo?

Para recriar um modelo de embrião humano, os cientistas usaram como base da criação as células-tronco imaturas. Estas foram reprogramadas de modo a se desenvolverem nas células necessárias para a formação do conglomerado, usando produtos químicos.

No total, as células-tronco foram induzidas a se tornarem outros quatro tipos de células:

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  • Células epiblásticas (estas células irão constituir o feto);
  • Células trofoblásticas (da placenta);
  • Células hipoblásticas (do saco vitelino de suporte);
  • Células extraembrionárias do mesoderma.

Somando todas as células desenvolvidas, os pesquisadores tinham cerca de 120, e estas foram misturadas para a criação do embrião. De forma espontânea, começaram a se desenvolver. Isso porque “um embrião é autodirigido por definição”, explica Jacob Hanna, professor do instituto israelense e um dos autores do estudo, em nota. “Não precisamos dizer o que [o conglomerado de células precisa] fazer. Devemos apenas libertar o seu potencial codificado internamente”, acrescenta.

No estágio equivalente ao sétimo dia de formação, os modelos de embriões humanos sintéticos eram agregados de cerca de 120 células, medindo juntas cerca de 0,01 mm de diâmetro. No 14º dia, já eram cerca de 2,5 mil células, o que resultou em uma “massa” medindo 0,5 mm.

Neste último momento, era possível observar a formação da placenta, do saco vitelino, do saco coriônico e de outros tecidos externos que garantem o crescimento dinâmico e adequado dos modelos. Inclusive, é possível ver a formação das estruturas semelhantes ao saco vitelino, em amarelo, no vídeo a seguir:

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Por que estudar modelos de embriões humanos?

“O mistério [do desenvolvimento] está no primeiro mês, os oito meses restantes de gravidez são principalmente de muito crescimento”, explica Hanna. “Só que esse primeiro mês ainda é, em grande parte, uma caixa preta. Nosso modelo de embrião humano derivado de células-tronco oferece uma forma ética e acessível de examinar esta caixa”, complementa o pesquisador.

Através das próximas análises e experimentos com o modelo, a equipe quer entender como ocorre o desenvolvimento inicial dos primeiros órgãos e verificar, se naquele estágio, já é possível observar o surgimento de doenças hereditárias ou genéticas. Em última escala, isso poderá melhorar as técnicas de fertilização in vitro, ajudando mais pessoas a terem filhos biológicos.

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Fonte: Nature e Instituto Weizmann