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Cientista que editou embriões humanos está solto e investe em medicina genética

Por| Editado por Luciana Zaramela | 05 de Setembro de 2023 às 13h37

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Freepik
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Em novembro de 2018, o cientista chinês He Jiankui anunciou o nascimento dos primeiros bebês editados geneticamente, quando ainda eram embriões, as gêmeas Lulu e Nana. Em seguida, veio a bebê Amy. Após o experimento altamente controverso, que ultrapassa os limites da ética, o pesquisador da Universidade de Ciência e Tecnologia do Sul da China foi preso. Após cumprir a pena de três anos, ele está solto desde o ano passado, período que aproveita para investir em novas pesquisas na área da genética.

Segundo apuração da revista norte-americana The New Yorker, Jiankui planejava abrir um laboratório sem fins lucrativos para tratar doenças de origem genética sem cura. Inicialmente, o foco da pesquisa seria a Distrofia Muscular de Duchenne em crianças, uma condição degenerativa do tecido muscular que afeta os movimentos voluntários e involuntários do corpo, incluindo a respiração. Além de buscar a formulação de uma nova terapia genética contra esta doença, o cientista espera curar outras quatro doenças nos primeiros três anos de operação.

Outro foco das suas pesquisas são os genes associados com a doença do Alzheimer e formas de editá-los, através da técnica CRISPR, por enquanto em modelos animais. No atual estágio de entendimento científico da questão, o próprio Jiankui reconhece o risco de trabalhar com embriões humanos. É o que revela uma proposta de pesquisa sobre o tema que o cientista publicou.

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Em paralelo, Jiankui ocupa o cargo de diretor do Instituto de Medicina Genética da Universidade de Tecnologia de Wuchang, em Wuhan.

Entenda o caso dos embriões editados geneticamente

Antes de compreender melhor o caso dos bebês que passaram por um experimento de edição genética quando ainda eram embriões, é preciso explicar o porquê desse tipo de pesquisa ser proibido em inúmeros países, incluindo no Brasil. De forma simples, a ciência não sabe prever quais complicações a remoção ou alterações em um gene ou de um fragmento do DNA podem ter na vida de um indivíduo que vai crescer e, eventualmente, se reproduzir.

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Essas alterações no genoma humano ainda poderão ser transmitidas para outras gerações, mesmo que pouco exploradas. Por exemplo, elas podem aumentar a incidência de cânceres ou da formação de defeitos congênitos.

Contraindo todos os riscos e as questões éticas conhecidas, o cientista Jiankui usou a técnica CRISPR, classificada em anotações dele como “tesouras mágicas de Deus”, para alterar o gene CCR5 e, com isso, fornecer aos futuros bebês a imunidade contra o vírus da Aids. Este gene é o mesmo associado aos seis casos de cura do HIV, após transplantes de medula óssea.

Até hoje, o público não sabe o que aconteceu com as crianças geradas pelo método experimental e nem se, de fato, elas têm imunidade natural ao HIV. No momento, Jiankui informa que “as gêmeas não foram mortas e nem esterilizadas”. Na verdade, “elas estão vivendo felizes com seus pais”, acrescenta, sem dar detalhes sobre possíveis complicações à saúde das crianças que estão com cerca de 5 anos.

Fonte: The New Yorker