Eficácia da CoronaVac pode aumentar com maior intervalo entre doses, diz estudo
Por Fidel Forato | Editado por Luciana Zaramela | 12 de Abril de 2021 às 14h36
No domingo (11), os pesquisadores que conduziram os testes da vacina Coronavac no Brasil, liderados pelo Instituto Butantan, enviaram os dados obtidos durante os testes contra o novo coronavírus (SARS-CoV-2) para a revista científica The Lancet. A pesquisa final observou uma taxa de eficácia maior do que a divulgada inicialmente (50,7%) e também sugeriu que um intervalo maior entre as duas doses pode ampliar ainda mais esta eficácia.
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O estudo do Butantan observou que um intervalo maior de 21 dias entre a primeira e a segunda dose da vacina contra a COVID-19 pode ampliar a taxa de eficácia da fórmula, chegando a 62,3%. Para chegarem as essas conclusões, os cientistas observaram 12,4 mil voluntários espalhados pelo país em 16 centros de pesquisa.
Pesquisa sugere maior intervalo entre doses da CoronaVac
De acordo com a análise divulgada pelos pesquisadores, os resultados de eficácia da vacina CoronaVac podem melhorar se houver um intervalo maior entre as duas doses. A maior parte do estudo foi realizada com um intervalo de 14 dias entre as doses, em decorrência da urgência de se avaliar os efeitos do imunizante contra a COVID-19.
Na bula, os fabricantes da CoronaVac estipulam o intervalo que o paciente deve receber a segunda dose de 14 a 28 dias. No entanto, o intervalo aplicado tende a ser o menor no sistema de saúde brasileiro. Agora, os pesquisadores avaliam que um período de 28 dias possa ser o mais adequado. “Os dados sugerem que é recomendável encorajar intervalos maiores entre as doses, como 28 dias, na implementação da vacina”, afirmam os autores do artigo. Em breve, é provável que novos estudos avaliem um intervalo ainda maior.
Como interpretar os novos dados da CoronaVac?
A pesquisadora e divulgadora científica Mellanie Fontes-Dutra explica que as eficácias descritas no estudo foram obtidas a partir de um intervalo de 14 dias entre a primeira e a segunda dose da CoronaVac. No entanto, "um subgrupo pequeno foi estudado para intervalos acima de 21 dias e observou-se uma eficácia de 62,3%".
"Apesar de o grupo estudado para um intervalo entre doses de 21 dias ou mais ter sido pequeno, ficou observada uma tendência de aumento de eficácia para intervalos acima de 21 dias", aponta a divulgadora científica. "Então, os autores na discussão indicam o intervalo de 28 dias entre as doses para a vacinação", completa, em suas redes sociais.
Fonte: Estadão