Eficácia da CoronaVac pode aumentar com maior intervalo entre doses, diz estudo
Por Fidel Forato • Editado por Luciana Zaramela |

No domingo (11), os pesquisadores que conduziram os testes da vacina Coronavac no Brasil, liderados pelo Instituto Butantan, enviaram os dados obtidos durante os testes contra o novo coronavírus (SARS-CoV-2) para a revista científica The Lancet. A pesquisa final observou uma taxa de eficácia maior do que a divulgada inicialmente (50,7%) e também sugeriu que um intervalo maior entre as duas doses pode ampliar ainda mais esta eficácia.
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O estudo do Butantan observou que um intervalo maior de 21 dias entre a primeira e a segunda dose da vacina contra a COVID-19 pode ampliar a taxa de eficácia da fórmula, chegando a 62,3%. Para chegarem as essas conclusões, os cientistas observaram 12,4 mil voluntários espalhados pelo país em 16 centros de pesquisa.
Pesquisa sugere maior intervalo entre doses da CoronaVac
De acordo com a análise divulgada pelos pesquisadores, os resultados de eficácia da vacina CoronaVac podem melhorar se houver um intervalo maior entre as duas doses. A maior parte do estudo foi realizada com um intervalo de 14 dias entre as doses, em decorrência da urgência de se avaliar os efeitos do imunizante contra a COVID-19.
Na bula, os fabricantes da CoronaVac estipulam o intervalo que o paciente deve receber a segunda dose de 14 a 28 dias. No entanto, o intervalo aplicado tende a ser o menor no sistema de saúde brasileiro. Agora, os pesquisadores avaliam que um período de 28 dias possa ser o mais adequado. “Os dados sugerem que é recomendável encorajar intervalos maiores entre as doses, como 28 dias, na implementação da vacina”, afirmam os autores do artigo. Em breve, é provável que novos estudos avaliem um intervalo ainda maior.
Como interpretar os novos dados da CoronaVac?
A pesquisadora e divulgadora científica Mellanie Fontes-Dutra explica que as eficácias descritas no estudo foram obtidas a partir de um intervalo de 14 dias entre a primeira e a segunda dose da CoronaVac. No entanto, "um subgrupo pequeno foi estudado para intervalos acima de 21 dias e observou-se uma eficácia de 62,3%".
"Apesar de o grupo estudado para um intervalo entre doses de 21 dias ou mais ter sido pequeno, ficou observada uma tendência de aumento de eficácia para intervalos acima de 21 dias", aponta a divulgadora científica. "Então, os autores na discussão indicam o intervalo de 28 dias entre as doses para a vacinação", completa, em suas redes sociais.
Fonte: Estadão