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É possível mudar de tipo sanguíneo?

Por| Editado por Luciana Zaramela | 13 de Setembro de 2021 às 12h30

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Twenty20photos/Envato Elements
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No decorrer da vida humana, ocorrem inúmeras transformações biológicas, incluindo algumas mudanças radicais. Por outro lado, algumas características são constantes no nosso organismo. Nesse contexto, os tipos sanguíneos podem mudar ou continuam sempre os mesmos? Por exemplo, alguém pode nascer O+ e, passados 20 anos, descobrir que se tornou AB-?

Para responder a esta dúvida, o Canaltech conversou com o hematologista Alexandre Szulman, médico do Hospital do Servidor Público Estadual (HSPE). Adiantamos que, em alguns casos, é possível a mudança do tipo sanguíneo de uma pessoa, mas são situações raras e, na maioria das vezes, estão associadas com o aparecimento de algum câncer ou ao transplante de médula óssea. Além disso, recém-nascidos podem apresentar essa alteração.

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De forma geral, "a expressão dos antígenos eritrocitários [em resumo, os tipos sanguíneos] é constante ao longo da vida de um indivíduo", explica o médico Szulman. Só que antes de chegarmos no porquê de mudanças atípicas poderem acontecer, vale lembrar algumas questões sobre os tipos sanguíneos existentes e como o sistema de classificação funciona.

Entendendo os tipos sanguíneos e as diferenças

Para entender, os diferentes grupos sanguíneos são determinados pela presença ou pela ausência de determinados antígenos na superfície das hemácias — glóbulos vermelhos —, que compõem o sangue humano. "Os [tipos] mais conhecidos, por possuírem maior importância transfusional, são os grupos ABO e Rh", comenta o hematologista do HSPE.

No caso do grupo ABO, ele é formado por três antígenos A, B e H. Dessa forma, a presença do antígeno A determina o tipo sanguíneo A, a presença do antígeno B determina o tipo sanguíneo B e a presença de ambos antígenos A e B determina o tipo sanguíneo AB. Agora, a ausência desses dois antígenos determina o tipo sanguíneo O. Esse tipo, por sua vez, possui a substância básica de todos os outros: o antígeno H.

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Em relação ao grupo Rh, o antígeno RhD pode estar presente ou não. A sua presença determina se o tipo sanguíneo será positivo ou negativo. "Com a combinação desses dois principais grupos sanguíneos temos os oito tipos sanguíneos mais comuns", afirma Szulman. São eles: O+; A+; B+; AB+; O-; A-; B-; e AB-.

Vale observar que estes são os mais comuns, porém não são os únicos. "Existem mais de 38 sistemas de grupos sanguíneos e cerca de 600 outros antígenos conhecidos cuja presença ou ausência cria os tipos raros de sangue. O tipo de sangue é considerado raro se o indivíduo não possuir antígenos para os quais 99% das pessoas são positivas ou se não possuir um antígeno para o qual 99,99% são negativos, seu tipo de sangue é considerado extremamente raro, detalha o médico.

Conhecendo os subgrupos sanguíneos

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Dentro do sistema ABO, também existem diversos subgrupos sanguíneos, como os subgrupos A, subgrupos B. Na prática, os mais frequentemente encontrados são os A1, A2 A1B e A2B. Só que essas variações são menos frequentes nos indivíduos e, consequentemente, pouco faladas.

Por exemplo, "os glóbulos vermelhos da população adulta do grupo A são na sua maioria 80% A1 e o restante são A2 ou subgrupos mais fracos, como o A3, Am, Aend, Ael", comenta Szulman. Agora, os subgrupos de B (B2 e B3) são extremamente raros.

Quando o tipo sanguíneo de uma pessoa pode mudar?

Depois desse parêntese sobre o porquê dos diferentes tipos sanguíneos, fica mais fácil entender as raras situações em que a tipagem pode mudar. Lembrando que, de forma geral, os antígenos dos glóbulos vermelhos de uma pessoa dificilmente mudam. "Entretanto, doenças onco-hematológicas [câncer] podem determinar um cenário ocasional de mudança nessa característica, levando à troca temporária na tipagem ABO", afirma o hematologista.

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"Os antígenos A, B e H são formados a partir da mesma substância precursora e, em determinados momentos evolutivos de algumas neoplasias hematológicas, há o enfraquecimento [a diminuição ou a supressão da expressão] dos antígenos ABO e, por consequência, há alteração na tipagem sanguínea", explica.

Outra situação de possível mudança do tipo sanguíneo ocorre em pacientes que receberam transplante de médula óssea. Durante o procedimento, "são transplantadas as células-tronco que fabricam o sangue. Portanto, se o paciente tem tipagem A e o doador tem tipagem B, depois da 'pega' da medula o paciente vai aos poucos trocar a tipagem dos seus glóbulos vermelhos para produzir sangue de tipagem B", afirma.

Por fim, os recém-nascidos também podem apresentar uma variação no tipo sanguíneo, de acordo com o médico. "O recém-nascido tem uma expressão fraca dos antígenos eritrocitários ao nascimento e essa expressão aumenta com a idade e é máxima em torno dos dois a quatro anos de vida. Assim, é comum que a expressão dos antígenos A ou B do grupo ABO não estejam expressos ao nascimento e, desta forma, a primeira tipagem sanguínea pode ser considerada como O e ela 'mude' para A, B ou AB assim que houver a expressão desses antígenos nas hemácias ao longo dos primeiros anos de vida", ilustra.