Diabetes | Remédios reativam produção de insulina em 48 horas
Por Fidel Forato • Editado por Luciana Zaramela | •
Na Austrália, um grupo de cientistas parece ter encontrado um tratamento revolucionário para para pacientes com diabetes tipo 1. Em testes de laboratório, a equipe conseguiu “regenerar” a produção de insulina em um conjunto de células em aproximadamente 48 horas, a partir de remédios já usados contra o câncer. São os GSK126 e Tazemetostat.
As medicações usadas no teste in vitro já foram aprovadas para uso oncológico nos Estados Unidos, após análises da agência Food and Drug Administration (FDA). Isso significa que elas são seguras para humanos. Nesse contexto, propor uma nova forma de prescrição, fora da bula (off label), é muito mais rápido e simples, o que dá esperança para pacientes com diabetes tipo 1 num futuro breve.
Regenerando a produção de insulina
Publicado na revista Signal Transduction and Targeted Therapy, o estudo que propõe uma nova terapia para pacientes com diabetes tipo 1 foi desenvolvido por pesquisadores do Baker Heart and Diabetes Institute.
De forma simples, as medicações conseguem “transformar” células saudáveis do pâncreas em células semelhantes à beta (β), que produzem insulina em resposta à glicose.
É preciso explicar que, em pessoas com diabetes tipo 1, as células beta são destruídas pelo sistema imunológico disfuncional. Com isso, o corpo não consegue mais controlar os níveis de açúcar no sangue. Em consequência, os pacientes se tornam dependentes de aplicações de insulina.
As duas medicações GSK126 e Tazemetostat são classificadas como inibidores da enzima EZH2 nos tecidos humanos. No caso de indivíduos diabéticos, os fármacos induzem as células progenitoras pancreáticas próximas às estruturas ductais a produzirem insulina, de forma semelhante às células beta, corrigindo o “problema”.
Testes com remédios em laboratório
Em laboratório, os cientistas australianos testaram o efeito das medicações em células coletadas de pacientes com diabetes tipo 1 — um dos doadores era uma criança, enquanto o outro era um adulto. Nesse modelo, as células se comportaram de forma esperada, ou seja, se adaptaram e passaram a produzir insulina em 48 horas.
Mais testes são necessários até que esses remédios cheguem às farmácias, mas os autores estão otimistas. Afinal, eles podem ter descoberto uma cura definitiva para o diabetes tipo 1. Outra boa notícia é que, como as medicações já são aprovadas pela FDA, os testes clínicos com humanos devem ser mais rapidamente iniciados, mesmo na Austrália.