Dependência de melatonina para dormir aumentou drasticamente nos últimos anos
Por Nathan Vieira • Editado por Luciana Zaramela |

Você já ouviu falar da melatonina? Conhecida como o "hormônio do sono", tem a função de regular o relógio biológico, ajudando o cérebro a dormir. Um estudo publicado na JAMA Network na última terça (1) destacou a ascensão das cápsulas ao longo dos anos, levando a uma dependência preocupante.
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Segundo o artigo, a prevalência do consumo em doses mais altas (acima de 5 mg/dia) aumentou com o tempo. Para se ter uma ideia, os pesquisadores apontam que em 2018 os americanos estavam consumindo mais que o dobro da quantidade de melatonina que consumiam dez anos antes.
Os autores do artigo também alertam que o uso de melatonina aumentou de 0,4%, em 1999/2000, para 2,1% em 2017/2018 nos EUA. Na prática, isso significa que mais de 6 milhões de pessoas passaram a aderir ao "hormônio do sono". Uma das preocupações levantadas pelos especialistas é que os impactos da pandemia tenham elevado ainda mais a dependência da população.
O especialista em sono da Johns Hopkins, Luis F. Buenaver, explica que o corpo produz melatonina naturalmente, e isso não faz dormir, mas à medida que os níveis de melatonina aumentam à noite, a pessoa entra em um estado de tranquilidade que ajuda a promover o sono.
Quanto às cápsulas de melatonina, um estudo publicado no National Institutes of Health levanta um alerta para possíveis efeitos colaterais como dor de cabeça, tontura, náusea, cólicas, confusão ou desorientação, irritabilidade e ansiedade leve, depressão e até tremores.
Em entrevista anterior ao Canaltech, o endocrinologista Thiago Fraga Napoli, médico assistente do Serviço de Endocrinologia do Hospital do Servidor Público Estadual (HSPE), chegou a explicar que o uso incorreto, que leva a presença desse hormônio em horário não compatível com a fisiologia normal, pode gerar distúrbios desde alterações de glicose até sonolência.
Fonte: Johns Hopkins Medicine, JAMA Network, NIH