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Deltacron é mais perigosa? O que sabemos sobre a nova variante até agora

Por| Editado por Luciana Zaramela | 16 de Março de 2022 às 13h15

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Photocreo/Envato Elements
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Nas últimas semanas, casos da variante Deltacron do coronavírus SARS-CoV-2 foram descobertos e, agora, cientistas investigam se poderia ser mais perigosa. A nova cepa do vírus da covid-19 combina as variantes Ômicron (BA.1) e Delta (B.1.671.2). Por enquanto, já foi encontrada em países da Europa e nos Estados Unidos. O Brasil investiga dois casos suspeitos.

Na terça-feira (15), o Ministério da Saúde chegou a confirmar dois casos da variante Deltacron, sendo um no estado do Amapá e outro no Pará. Depois, o ministro Marcelo Queiroga explicou que se tratavam de casos suspeitos e que ainda estão em investigação.

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No mundo, a evolução dos casos da Deltacron é acompanhada pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Até o momento, a cepa é classificada como Variante sob Monitoramento (VUM, na sigla em inglês). Diferente desta, a Ômicron e a Delta são Variantes de Preocupação (VOC).

Possíveis casos da Deltacron no Brasil

Nas redes sociais, o ministro Queiroga explicou que "o sequenciamento total do vírus deve ser finalizado nos próximos dias pelo laboratório de referência nacional da Fiocruz". Dessa forma, ainda não é possível afirmar, oficialmente, que a cepa já está no Brasil.

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Não foram compartilhados detalhes do caso dos pacientes brasileiros, como se eles viajaram recentemente para o exterior ou se tiveram contato com estrangeiros. Caso confirmado, será necessário avaliar a possibilidade de transmissão comunitária, quando não é possível rastrear a origem dos casos. Também não se sabe se os indivíduos foram vacinados e nem se estão em casa ou internados.

Onde surgiu a Deltacron?

De acordo com a OMS, a variante Deltacron foi identifica pela primeira vez em janeiro na França e recebe o nome oficial de BA.1 x AY.4 recombinante. Até o momento, não recebeu como apelido o nome de uma letra do alfabeto grego, o que poderia facilitar a comunicação.

Na semana passada, uma equipe de cientistas franceses confirmou pela primeira vez a existência da variante. Publicado na plataforma medRxiv, o preprint — estudo ainda não revisado por pares — sequenciou amostras da cepa, encontradas na França. Desde então, o sinal de alerta acendeu para as possíveis complicações da nova cepa.

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Vale lembrar que a espécie de fusão entre as variantes do vírus da covid-19 também foi anunciada por pesquisadores do Chipre, na região leste do Mediterrâneo. Em janeiro, amostras da Deltacron foram identificadas por membros da Universidade do Chipre, mas suspeitava-se que poderia ser um erro de laboratório.

Como a cepa se formou?

Segundo o estudo francês, a Deltacron surgiu a partir de um processo chamado de recombinação. Em outras palavras, duas variantes do coronavírus SARS-CoV-2 — a Delta e Ômicron — infectaram um único paciente de forma simultânea.

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No processo de reprodução viral, as variantes trocaram parte do material genético e, assim, surgiu uma nova cepa. Este evento é considerado raro, mas não é impossível e já era conhecido pela ciência com outros patógenos.

“Sabemos que eventos recombinantes podem ocorrer, em humanos ou animais, com múltiplas variantes circulantes do SARS-CoV-2”, escreveu Soumya Swaminathan, cientista-chefe da Organização Mundial da Saúde (OMS), nas redes sociais. No entanto, ela alertou que é necessário "esperar por experimentos para determinar as propriedades desse vírus".

"Estamos cientes disso, é uma combinação das variantes Delta e Ômicron. Foi detectada na França, na Holanda e na Dinamarca. Isso era algo esperado dado que há uma intensa circulação dessas variantes", afirma a diretora técnica da OMS, Maria Van Kerkhove, durante coletiva de imprensa na última semana.

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Deltacron é mais perigosa?

No momento, estudos sobre a capacidade de infecção da Deltacron ainda estão em andamento. Dessa forma, não é possível afirmar se a nova variante pode ser considerada mais perigosa ou virulenta que as outras cepas do coronavírus.

Apesar disso, os pesquisadores franceses observam, de forma preliminar, que a Deltacron pode ser mais transmissível que as outras variantes já conhecidas. "A análise estrutural do pico recombinante [do coronavírus] sugeriu que o seu conteúdo híbrido poderia otimizar a ligação viral à membrana da célula hospedeira", apontam os autores do preprint.

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A proteína spike (S) — que permite que o vírus entre nas células hospedeiras — deriva principalmente da Ômicron, o que indica, teoricamente, uma boa capacidade de transmissão. Por outro lado, caso ela mantenha semelhanças com a variante original, é possível que pessoas já infectadas e vacinadas também tenham algum grau de proteção contra a Deltacron.

O que é uma VUM?

A OMS classifica a Deltacron como uma VUM, ou seja, os cientistas da organização ainda não consideram a variante como uma ameaça para a saúde global e entendem que a disseminação ainda é restrita.

De acordo com a OMS, a variante apresenta "alterações genéticas suspeitas de afetar as características do vírus com alguma indicação de que pode representar um risco futuro, mas a evidência de impacto fenotípico ou epidemiológico não é clara, exigindo monitoramento aprimorado e avaliação repetida até novas evidências".

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"Espera-se que nossa compreensão dos impactos dessas variantes possa evoluir rapidamente", completa a OMS sobre o futuro da pandemia da covid-19 e o possível risco (ou não) da Deltacron.

Fonte: OMSMedRxiv, LIveScience e Agência Brasil