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Deltacron: nova variante ou erro de laboratório?

Por| Editado por Luciana Zaramela | 12 de Janeiro de 2022 às 18h30

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Viktor Forgacs/Unsplash
Viktor Forgacs/Unsplash

A nova variante Deltacron do coronavírus SARS-CoV-2 — formada a partir da combinação características da Delta (B.1.671.2) e da Ômicron (B.1.1.529) — tem sua existência questionada por especialistas. Em tese, a cepa do vírus da covid-19 pode ser um erro causado pela contaminação das amostras em laboratório. A situação ainda é investigada.

Nos últimos dias, o professor da Universidade do Chipre e chefe do Laboratório de Biotecnologia e Virologia Molecular, Leondios Kostrikis, anunciou ter identificado a variante Deltacron em 25 amostras da covid-19. Após a descoberta da suposta variante, os pesquisadores enviaram detalhes da descoberta para um banco de dados internacional que rastreia a evolução do coronavírus, o GISAID.

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Desde o anúncio, a situação levantou suspeitas e, recentemente, uma corrente de cientistas questiona a validade da descoberta. Até o momento, a Organização Mundial da Saúde (OMS) não classificou a cepa como uma Variante de Interesse (VOI) ou uma Variante de Preocupação (VOC).

É uma nova variante ou não?

Sobre as origens da Deltacron, Kostrikis afirma que "existem, atualmente, coinfecções por Ômicron e Delta e descobrimos esta cepa que é uma combinação das duas”. Em outras palavras, a origem da nova variante pode ser um paciente contaminado pelas duas cepas, de forma simultânea. A partir da interação de ambas no organismo infectado, surgiu a Deltacron.

De acordo com o pesquisador Kostrikis, as descobertas vieram depois que as amostras foram processadas e passaram por vários procedimentos de sequenciamento. Em comunicado, divulgado no domingo (9), o cientista negou a existência de algum erro ou caso de contaminação no laboratório e defendeu a formação natural da nova cepa.

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Erro de laboratório?

Desde o anúncio, o tema Deltacron viralizou nas redes sociais e foi compartilhado milhares de vezes. No entanto, a descoberta de Chipre não é consenso e levanta uma série de discussões dentro da comunidade científica sobre a sua validade.

"A Ômicron e a Delta não formaram uma super variante", afirmou Krutika Kuppalli, pesquisadora de doenças infecciosas da OMS, nas redes sociais. Segundo a cientista, a descoberta representa um caso de "contaminação de laboratório", onde "fragmentos da Ômicron [interagiram] em uma amostra da Delta".

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“As sequências da Deltacron, relatadas por vários meios de comunicação, parecem ser, claramente, contaminação — elas não se agrupam em uma árvore filogenética", defendeu o virologista Tom Peacock, do Imperial College London.

"Devo acrescentar também — isso não está realmente relacionado à 'qualidade do laboratório' ou qualquer coisa semelhante — que isso literalmente acontece com todos os laboratórios de sequenciamento, ocasionalmente", completou o virologista.

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Nas próximas semanas, o surgimento e a identificação de novos casos da Deltacron devem permitir uma análise mais precisa da situação pelos cientistas. Por outro lado, também é possível que a descoberta seja descartada e que se confirme se realmente houve erro ou contaminação de amostras.

Fonte: The Independent, Bloomberg e CNBC