COVID-19 pode se tornar uma doença majoritariamente infantil, aponta estudo
Por Nathan Vieira | Editado por Luciana Zaramela | 26 de Agosto de 2021 às 17h50
Com o passar dos anos, e com as mudanças da situação mundial frente à COVID-19, a doença poderia apresentar uma nova característica: afetar principalmente o público infantil ainda não vacinado. Como a gravidade da COVID-19 é geralmente menor entre as crianças, espera-se que a virulência e a mortalidade dessa doença diminuam. E, agora, um estudo da Universidade de Oslo sugere que o risco de infecção provavelmente mudará para crianças mais novas conforme a comunidade adulta se torna imune por meio de vacinação ou pela imunidade natural pós-exposição ao vírus.
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Segundo o relatório, essas mudanças foram observadas em outros coronavírus e no vírus da gripe à medida que eles surgiram e se tornaram endêmicos (ou seja, se manifestaram com frequência em determinadas regiões geográficas).
Os pesquisadores mencionam que registros históricos de doenças respiratórias indicam que os padrões de incidência de idade durante epidemias virgens podem ser muito diferentes da circulação endêmica. O estudo cita a pandemia de gripe asiática, que matou um milhão de pessoas pelo surgimento do vírus HCoV-OC43, que agora é um vírus do resfriado endêmico, leve e que afeta principalmente crianças de 7 a 12 meses.
Assim, se a imunidade à reinfecção por SARS-CoV-2 diminuir entre os adultos, a carga da doença pode permanecer alta nesse grupo, embora a exposição anterior ao vírus diminua a gravidade da doença. "A evidência empírica de coronavírus sazonais indica que a exposição anterior pode apenas conferir imunidade de curto prazo à reinfecção, permitindo surtos recorrentes; esta exposição anterior pode preparar o sistema imunológico para fornecer alguma proteção contra doenças graves", afirmam os pesquisadores.
A pesquisa aponta que, dado o aumento acentuado da taxa de mortalidade por infecção com a idade, espera-se que os países com estruturas populacionais mais velhas tenham uma fração maior de mortes do que aqueles com estruturas populacionais relativamente mais jovens. "Independentemente da demografia, prevemos uma mudança consistente do risco para os jovens”, conclui o estudo.
Fonte: Science Blog