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Covid-19 pode deixar o cérebro de jovens semelhante ao de idosos, diz estudo

Por| Editado por Luciana Zaramela | 08 de Dezembro de 2022 às 18h44

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cookelma/envato
cookelma/envato

Mesmo com todos os avanços conquistados pela ciência em busca do controle da pandemia da covid-19, o comportamento do coronavírus SARS-CoV-2 ainda é, em partes, misterioso. Pesquisadores norte-americanos descobriram que pacientes com formas graves da infecção apresentam marcadores de velhice no cérebro, algo realmente incomum, especialmente para os mais jovens. Esta pode ser uma das respostas que explica a covid longa.

Publicado na revista científica Nature Aging, o estudo sobre o impacto da covid-19 no cérebro e o surgimento de sinais precoces de velhice — algo que pode ser temporário, mas ainda deve ser confirmado — foi liderado por pesquisadores da Harvard Medical School, nos Estados Unidos.

Para chegar a esta conclusão, a equipe de cientistas analisou o cérebro de pessoas que desenvolveram formas graves da covid-19 e foram internadas. Em seguida, comparou os dados com indivíduos que estavam também internados, mas por outras causas, sem relação com o coronavírus.

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Como a descoberta impacta o cérebro de quem teve covid-19?

No momento, a descoberta dos pesquisadores de Harvard levanta mais dúvidas que respostas sobre o comprometimento do cérebro em casos da covid-19 grave. “Isso abre uma infinidade de questionamentos importantes, não apenas para entender a doença, mas para preparar a sociedade para quais podem ser as consequências da pandemia”, comenta Marianna Bugiani, neuropatologista e pesquisadora da Amsterdam University, para a revista Nature.

Embora Bugiani não tenha participado desta pesquisa, está envolvida nos estudos do impacto da covid-19 no cérebro desde o início da pandemia. Na sua perspectiva, os reais impactos da doença podem ser que só sejam observadas daqui a alguns anos

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“A duração da pandemia já foi longa o suficiente para ver essas coisas [como o impacto da doença no cérebro], mas não o suficiente para estabelecer se são permanentes”, pondera. “Ainda não sabemos quais serão suas reais consequências”, completa Bugiani.

Inclusive, a principal hipótese é de que o surgimento de marcadores precoces da velhice não esteja relacionado com a instalação do vírus da covid-19 no cérebro. É possível que este comprometimento seja o efeito da inflamação generalizada provocada pelo coronavírus. Este processo é conhecido como tempestade de citocinas.

Entenda o estudo sobre os marcadores de velhice no cérebro

No total, a pesquisa sobre os efeitos da covid-19 envolveu a análise de 21 amostras retiradas do córtex frontal — região do cérebro diretamente ligada à cognição — de pessoas que morreram em decorrência da infecção. Além disso, foi analisada a amostra de um paciente que morreu enquanto estava com a doença de forma assintomática.

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Em seguida, as amostras foram comparadas com a de 22 pessoas sem histórico conhecido da infecção. Mais nove amostras eram provenientes de pessoas internadas em decorrência de outras doenças, diferentes da covid-19.

A partir desse banco de dados, os cientistas descobriram que os genes associados à inflamação e ao estresse eram mais ativos nos cérebros das pessoas que tiveram covid-19 grave que nos cérebros das pessoas do grupo de controle. Além disso, os genes ligados à cognição e à formação de conexões entre os neurônios eram menos ativos, o que os assemelha com o cérebro de idosos.

Fonte: Nature Aging Nature