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COVID-19 pode afetar o cérebro, gerando delírios e confusões, segundo cientistas

Por| 12 de Setembro de 2020 às 14h00

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 Pete Linforth / Pixabay
Pete Linforth / Pixabay

Já não é segredo que a COVID-19 tem certo impacto no cérebro, algo que já gerou inclusive pesquisas feitas em vários lugares do mundo. Nesta semana, um novo estudo da Universidade de Yale, dos EUA, forneceu a primeira evidência clara de que, em algumas pessoas, o coronavírus pode invadir as células cerebrais, sugando todo o oxigênio próximo e matando as células vizinhas.

Não está claro como o vírus chega ao cérebro, mas os especialistas chamam atenção para a possibilidade de que a infecção do cérebro seja rara. Algumas pessoas, no entanto, se mostram suscetíveis devido a seus antecedentes genéticos, uma alta carga viral ou outros motivos ainda sob investigação. “Se o cérebro for infectado, isso pode ter uma consequência letal”, diz Akiko Iwasaki, imunologista da Universidade de Yale que liderou o trabalho, durante entrevista ao The New York Times.

Os cientistas analisaram imagens cerebrais e sintomas dos pacientes. "Não tínhamos visto muitas evidências de que o vírus pode infectar o cérebro, embora soubéssemos que era uma possibilidade potencial. Esses dados apenas fornecem um pouco mais de evidência", diz o Dr. Michael Zandi, neurologista consultor do Hospital Nacional de Neurologia e Neurocirurgia da Grã-Bretanha.

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Outros patógenos são conhecidos por infectar células cerebrais. As células imunológicas inundam os locais danificados, tentando limpar o cérebro, destruindo as células infectadas. O coronavírus é muito mais furtivo: ele explora o mecanismo das células cerebrais para se multiplicar, mas não as destrói. Em vez disso, sufoca o oxigênio para as células adjacentes, fazendo com que elas murchem e morram. Os pesquisadores não encontraram nenhuma evidência de uma resposta imunológica para remediar esse problema. “É uma espécie de infecção silenciosa. Este vírus tem muitos mecanismos de evasão", conta a especialista.

O coronavírus parece diminuir rapidamente o número de sinapses, as conexões entre os neurônios. Além disso, o estudo também aponta que o vírus infecta uma célula por meio de uma proteína em sua superfície chamada ACE2. Essa proteína aparece em todo o corpo e especialmente nos pulmões, explicando por que são alvos favoritos do vírus. A equipe examinou dois conjuntos de camundongos — um com o receptor ACE2 apenas no cérebro e o outro com o receptor apenas nos pulmões. Quando os pesquisadores introduziram o vírus nesses animais, os que foram infectados no cérebro perderam peso rapidamente e morreram em seis dias. Já os camundongos infectados no pulmão não mostraram alterações.

Os pesquisadores precisarão analisar muitas amostras de autópsias para estimar o quão comum é a infecção cerebral. Alguns sintomas cognitivos, como névoa cerebral e delírio, podem ser mais difíceis de detectar em pacientes sedados. Os médicos devem planejar reduzir os sedativos uma vez por dia, se possível, para avaliar os pacientes com COVID-19 para aumentar os conhecimentos acerca dessa questão.

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Fonte: The New York Times