COVID-19 já se espalhava nos EUA em dezembro de 2019, aponta estudo
Por Fidel Forato | Editado por Luciana Zaramela | 16 de Junho de 2021 às 11h30
Novas evidências retomam a discussão de quando o coronavírus SARS-CoV-2 chegou aos Estados Unidos. Isso porque bancos de dados de anticorpos apontam que o vírus da COVID-19 já circulava pelo país desde o final de dezembro de 2019, segundo estudo recém-publicado. Nesse cenário, o agente infeccioso teria sido confirmado ao menos um mês antes do que foi originalmente divulgado.
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De acordo com o artigo científico publicado na revista Clinical Infectious Diseases, os pesquisadores analisaram mais de 24 mil amostras de sangue coletadas nos EUA entre os dias 2 de janeiro e 18 de março de 2020. Este banco de dados é parte do programa All of Us, dos Institutos Nacionais de Saúde (NIH), e busca reunir informações sobre a saúde de diversas populações do país.
"Este estudo nos permite descobrir mais informações sobre o início da epidemia nos EUA", explicou o Josh Denny, CEO da All of Us e um dos autores do estudo, em comunicado. Afinal, a descoberta pode implicar no fato de que o coronavírus já se espalhava, antes do conhecimento das autoridades de saúde locais e eventuais sanções. Hoje, o país registra mais de 600 mil óbitos em decorrência da doença, segundo a plataforma da Universidade Johns Hopkins.
Descoberta de novas amostras
No total, o grupo de pesquisadores identificou sete participantes de cinco estados — Illinois, Massachusetts, Wisconsin, Pensilvânia e Mississippi — que testaram positivo para anticorpos contra o coronavírus SARS-CoV-2, antes dos primeiros casos relatados oficialmente nesses locais.
No levantamento, o primeiro teste positivo para a COVID-19 foi feito no dia 7 de janeiro, no estado de Illinois. Como são necessárias cerca de duas semanas para uma pessoa desenvolver esses anticorpos, a descoberta sugere que o vírus poderia estar em circulação já no dia 24 de dezembro de 2019 naquela localidade. Por outro lado, o primeiro caso confirmado da COVID-19 marcava o dia 20 de janeiro de 2020. Era um morador do estado de Washington que teria viajado à China.
Outras explicações para os anticorpos
No entanto, o novo estudo tem limitações, justamente por analisar os anticorpos e não a presença do coronavírus. Isso porque os testes de anticorpos sugerem uma infecção anterior ao SARS-CoV-2, mas eles não podem provar que uma pessoa tinha o vírus. Afinal, mesmo testes de anticorpos muito precisos têm alguma probabilidade de apresentar resultados falso-positivos. “É improvável que todos os nove indivíduos sejam falsos positivos”, defendem os autores do estudo.
Outra possibilidade é de que as amostras tivessem anticorpos contra outros coronavírus semelhantes que "reagem de forma cruzada" neste teste para dar o resultado positivo, mesmo que isso seja incomum. Além dessas questões, os pesquisadores não têm informações sobre o local em que essas 7 pessoas se contaminaram. Nesse sentido, é possível que tenham contraído a infecção durante uma viagem internacional, por exemplo. Agora, os pesquisadores planejam entrevistar as pessoas com teste positivo para perguntar sobre seu histórico de viagens, na época.
Para acessar o artigo publicado sobre a descoberta, publicado na revista Clinical Infectious Diseases, clique aqui.
Fonte: Live Science