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Coronavírus foi criado em um laboratório? Veja o que sabemos sobre essa teoria

Por| Editado por Luciana Zaramela | 27 de Maio de 2021 às 20h40

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Photocreo/Envato Elements
Photocreo/Envato Elements

Passado um ano da pandemia da COVID-19, a origem do coronavírus SARS-CoV-2 ainda é um mistério para pesquisadores de todo o mundo. Circulam teorias conspiratórias (ou não) de que o agente infeccioso teria sido criado em laboratório e que ele foi espalhado, de forma proposital, para humanos. No entanto, a ideia mais aceita é de que o vírus tenha sido transmitido, originalmente, de um morcego para um animal ainda desconhecido e, por fim, chegou até a espécie humana.

Agora, em mais um esforço para desvendar o coronavírus SARS-CoV-2, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, solicitou que as agências de inteligência do país conduzam uma extensa investigação sobre as origens da COVID-19, o que envolve uma avaliação da possibilidade de o agente infeccioso ter escapado de um laboratório em Wuhan, na China. Até o momento, não há nenhuma prova concreta de que isso possa ter acontecido.

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Novos vírus podem infectar humanos?

Antes do atual coronavírus, é importante lembrar dos outros agentes infecciosos dessa mesma família. Identificado pela primeira vez em 2002, o vírus SARS-CoV (nota-se que não tem o número dois) é conhecido por causar a Síndrome Respiratória Aguda Grave, a SARS. Esta foi uma epidemia que afetou 26 países e registrou mais de oito mil infecções desde que foi descoberta na província de Guangdong, no sul da China, em 2002. Hoje, foi controlada e não são registrados mais casos.

O interessante é que, só algum tempo depois, os pesquisadores conseguiram localizar o hospedeiro intermediário — aquele que fica entre o morcego e os humanos —, no caso civetas de palmeiras mascaradas (Paradoxurus hermaphroditus). Este animal selvagem também era comercializado em alguns mercados chineses para o consumo. Além disso, os dromedários foram também hospedeiros intermediários (reservatórios) para a MERS (Síndrome respiratória do Oriente Médio) e, novamente, a origem estava no consumo ou contato de carne contaminada.

Só para ilustrar: sem ligação com a família dos coronavírus, a principal tese sobre o HIV é que ele teria surgido, no início dos anos 1980, quando os caçadores na África Ocidental foram infectados com um novo vírus que infectava apenas primatas não-humanos.

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OMS viajou para a China atrás de provas

Nas investigações sobre a origem do coronavírus, um ponto que chama atenção é a viagem de uma comitiva de pesquisadores da Organização Mundial da Saúde (OMS) para a China no começo deste ano. O objetivo da missão, acordada com o país asiático, era estudar as potenciais origens animais do coronavírus, ou seja, não incluiu uma auditoria ao laboratório do Instituto de Virologia de Wuhan (WIV), por exemplo. Além disso, os pesquisadores visitantes não receberam os dados epidemiológicos completos sobre os cerca de 170 casos iniciais da COVID-19 no país.

Por outro lado, na conclusão da viagem, os cientistas participantes descartaram a possibilidade de que o vírus teria saído de um laboratório chinês, sugerindo ainda que o SARS-CoV-2 passou entre espécies diferentes de animais antes de chegar aos humanos. "As descobertas sugerem que a hipótese de incidentes em laboratórios são extremamente improváveis para explicar a introdução do vírus na população humana", comentou Peter Ben Embarek, líder da missão, na época.

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É possível que tenha ocorrido um vazamento acidental do coronavírus?

Talvez, a maior questão é que não existem provas do exato caminho que o coronavírus percorreu até chegar aos humanos. Nesse ponto, uma das questões levantadas é que um laboratório de alto nível e que estuda a família dos coronavírus, o WIV, está localizado em Wuhan. Isso poderia reforçar a ideia de que o vírus teria vazado do laboratório, contaminando pessoas inocentes.

No entanto, este não é o único risco epidemiológico, já que Wuhan é um centro urbano maior que a cidade de Nova Iorque, por exemplo, e há um fluxo constante de visitantes de outras partes da China e de todo o mundo. Isso também pode significar que o agente infeccioso não surgiu no local, mas que tenha chegado através de algum viajante.

Neste cenário ainda misterioso e independente das conclusões sobre a origem do agente infeccioso, a existência de laboratórios e a segurança destes espaços deve ser amplamente discutida pela sociedade. Só assim será possível pesar os lados positivos do estudo, que podem ajudar em eventuais surtos futuros — e também os seus contras.

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Fonte: The Guardian e NYT