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COVID-19 | Febre no início da infecção pode ser aliada, aponta pesquisador

Por| 20 de Outubro de 2020 às 17h15

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Polina Tankilevitch/ Pexels
Polina Tankilevitch/ Pexels

Para controlar infecções do novo coronavírus (SARS-CoV-2), médicos e pesquisadores ainda investigam formas para impedir que a COVID-19 se desenvolva em quadros mais graves. Nesse sentido, inúmeros remédios ainda estão em investigação, por exemplo. Agora, um cientista brasileiro propõe que os profissionais repensem a administração de antitérmicos nos estágios iniciais da infecção.

Em artigo publicado no Journal of the Royal Society of Medicine, o professor Alexandre Steiner, do Departamento de Imunologia do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (ICB-USP), defende cautela na hora de controlar a febre em pacientes que contraíram a COVID-19, recentemente. Vale ressaltar que não se trata de automedicação e é o médico que deve indicar o melhor o tratamento para cada caso, avaliando suas especificidades.

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Por que não controlar a febre?

Segundo Steiner, a febre tem um importante papel no combate de infecções no organismo. "Muitas pesquisas indicam que o aumento da temperatura ajuda o sistema imune a combater patógenos. Diversas funções imunológicas se tornam mais eficazes e a atividade antiviral é uma delas", afirma o professor da USP. 

Além disso, a febre também atua positivamente no desenvolvimento da memória imunológica — também conhecida como imunidade adquirida —, que é criada no corpo após o primeiro contato com um agente infeccioso. Isso porque, em resposta a uma infecção, determinadas células do sistema imune apresentam os antígenos (no caso, o coronavírus) aos linfócitos, células que "guardam" a resposta imune, o que pode acontecer durante uma febre, formando essa memória.

Segundo Steiner, com a temperatura do corpo mais alta do que o normal, essa apresentação acontece de forma muito mais eficaz. A partir desse entendimento, o pesquisador defende que o uso indiscriminado de antitérmicos no início da infecção poderia afetar o desenvolvimento de uma imunidade maior e mais eficiente contra a COVID-19. 

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Quanto aos riscos dessa postura, Steiner defende que, na fase inicial de uma infecção, o organismo ainda não está debilitado pelo combate ao patógeno e, por isso, essa pode ser uma estratégia viável. "Com base em todas essas evidências, a proposta é não interferir na febre nos primeiros dias de infecção e dar uma chance maior para o organismo combater a doença por conta própria, reduzindo assim as chances de desenvolver um quadro grave", defende.

Pesquisas estudam a febre como estratégia de defesa

Fora do contexto da COVID-19, o cientista cita que, desde a década de 1970, pesquisadores investigam o benefício da febre no combate a algumas doenças. Quanto aos estudos iniciais, Steiner comenta sobre um experimento com dois grupos de lagartos infectados por uma bactéria. No estudo, os autores dividiram os lagartos em dois ambientes com temperaturas diferentes. No ambiente mais quente, mais animais sobreviveram a essa doença.

Entre as pesquisas sobre o tema, o pesquisador também comenta no artigo que "dois ensaios clínicos randomizados, duplo-cegos e controlados por placebo em voluntários infectados com rinovírus, mostraram que o uso de aspirina, paracetamol ou ibuprofeno está associado ao aumento ou prolongamento da eliminação viral. Em um desses ensaios, aspirina e paracetamol demonstraram suprimir a resposta de anticorpos neutralizantes e, paradoxalmente, piorar os sintomas nasais".

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Para ler o artigo completo, publicado no Journal of the Royal Society of Medicine, clique aqui.

Fonte: Agência Fapesp