Coronavírus | Morte de médico que alertou sobre a doença causa revolta na China
Por Nathan Vieira |

Na última quinta-feira (6), morreu o oftalmologista chinês Li Wenliang, que foi repreendido pela polícia do país depois de ter feito um alerta sobre o novo coronavírus em dezembro do ano passado. Sua morte foi causada pelo próprio vírus em questão. O caso gerou comoção e revolta na população chinesa, principalmente nas redes sociais.
Frente a tudo isso, o órgão do Partido Comunista Chinês encarregado de combater a corrupção anunciou, por meio de um comunicado, que vai enviar uma equipe a Wuhan para realizar um inquérito sobre as circunstâncias relativas ao caso do médico.
Para você entender melhor o que houve: em dezembro, quando o surto começou em Wuhan, cidade com 11 milhões de habitantes, o oftalmologista enviou uma mensagem aos colegas em que alertava para o surgimento de um novo coronavírus na cidade. Com isso, a polícia chinesa o obrigou a assinar um documento no qual denunciava o aviso como um boato “infundado e ilegal” e, no dia 30 de dezembro, Wenliang foi convocado pela polícia e repreendido por espalhar rumores.
O presidente da câmara de Wuhan, Zhou Xianwang, sugeriu que a divulgação tardia do surto se deveu à crescente centralização do poder na China: "Após ter sido informado sobre o vírus, precisava de autorização antes de tornar a informação pública", disse.
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Revolta e protestos
A morte de Li Wenliang desencadeou revolta nas redes sociais chinesas, e o oftalmologista passou a ser considerado um herói pela população. No Weibo (principal rede social local, equivalente ao Twitter), foi levantada a hashtag #woyaoyanlunziyou (que significa "eu quero liberdade de expressão"). "É um herói que fez o alerta e pagou com sua vida", escreveu um de seus colegas na rede social em questão.
"O reacionário é quem mais teme a liberdade de expressão", escreveu no Weibo outro internauta, citando o fundador da República Popular da China, Mao Zedong. "Ele recorre a todos os tipos de métodos sujos e baixos para tapar os olhos, os ouvidos e a boca do povo".
A epidemia segue causando preocupação no mundo inteiro, e já matou 637 pessoas na China e 1 nas Filipinas. Mais de 31 mil pessoas estão infectadas com o vírus
Fonte: Financial Times