Coronavírus | Mais barato, novo teste da COVID-19 é feito através da saliva
Por Fidel Forato |
Com mais 5,5 milhões de casos do novo coronavírus (SARS-CoV-2), os Estados Unidos buscam maneiras de frear a transmissão da COVID-19. Para ajudar no rastreamento da doença, um novo tipo de teste acaba de ser liberado para o diagnóstico através da saliva do paciente. Inclusive, esse exame já foi testado em jogadores de basquete e funcionários da National Basketball Association (NBA).
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Apelidado de SalivaDirect, o novo teste de diagnóstico laboratorial foi desenvolvido por pesquisadores da Escola de Saúde Pública de Yale, nos EUA, para auxiliar no diagnóstico de pacientes da COVID-19 assintomáticos, custando cerca de US$ 10 (menos de 55 reais). No final de semana, o método recebeu autorização de uso emergencial pela Food and Drug Administration (FDA).
Vantagens do SalivaDirect
O SalivaDirect é menos invasivo do que o método tradicional, o exame RT-PCR, que coleta secreção naso-orofaringe através de um swab (cotonete), o que pode ser incômodo. Ambos os métodos verificam se há material genético do coronavírus nas amostras, mesmo em pacientes que ainda não desenvolveram anticorpos contra o novo coronavírus. Inclusive, os resultados revelaram que o novo método é altamente sensível e produz resultados semelhantes com a análise da saliva.
Um ponto importante desse teste desenvolvido pelos pesquisadores de Yale é que o método foi validado com reagentes e instrumentos de diferentes fornecedores, ou seja, ele é mais versátil. Por exemplo, caso haja falta de algum suprimento, como ocorreu nos primeiros meses da pandemia, o laboratório poderia contar com outro fornecedor.
“Este é um grande passo para tornar os testes mais acessíveis”, afirma Chantal Vogels, pós-doutoranda em Yale, que liderou o desenvolvimento e validação do laboratório. A pesquisa "começou como uma ideia em nosso laboratório logo depois que descobrimos que a saliva era um tipo de amostra promissora para a detecção de SARS-CoV-2, e agora tem potencial para ser usada em grande escala para ajudar a proteger a saúde pública. Estamos muito satisfeitos em dar esta contribuição para a luta contra o coronavírus”, completa Vogels.
Por que usar a saliva?
Durante as pesquisas, o grupo de cientistas norte-americanos descobriu que a saliva era um tipo de amostra promissora para a detecção do coronavírus. “Como a saliva é rápida e fácil de coletar, percebemos que ela poderia ser a virada de jogo no diagnóstico da COVID-19”, explica Anne Wyllie, professora de Yale.
Publicado no medRxiv, um estudo separado liderado por Wyllie e a equipe da Escola de Saúde Pública de Yale descobriram que o novo coronavírus permanece estável na saliva por períodos prolongados, inclusive em temperaturas quentes. Por causa disso, conservantes ou tubos específicos para o armazenamento das amostras não são necessários para coleta de saliva. Segundo a equipe, esse era um dos aspectos que encarecia os exames.
“Simplificamos o teste para que ele custe apenas alguns dólares para os reagentes e esperamos que os laboratórios cobrem cerca de US$ 10 por amostra. Se alternativas baratas como o SalivaDirect puderem ser implementadas em todo o país, podemos finalmente controlar essa pandemia, mesmo antes de uma vacina”, pensa Nathan Grubaugh, também professor da universidade.
Teste será distribuído
Conforme anunciado, os autores do novo método de exame da COVID-19 não pretendem comercializá-lo. Pelo contrário, a universidade fornecerá protocolos para outros laboratórios de diagnóstico que poderiam usar equipamentos disponíveis comercialmente para realizar o SalivaDirect, democratizando o acesso a um disgnóstico barato para a doença.
Com a autorização de uso emergencial pela FDA, o método já começa a ser disponibilizado para outros laboratórios do país, o que deve turbinar a capacidade de testes para o novo coronavírus nos Estados Unidos e, possivelmente, ajudar no controle de casos da doença. Em nota, o responsável pela liberação da agência federal, Stephen Hahn, chamou o teste de "inovador", por não precisar de componentes adicionais, que são propensos a escassez.
Publicado em forma de preprint (ainda não avaliado por outros pesquisadores) no medRxiv, o estudo foi financiado pela NBA e pela Fast Grant da Emergent Ventures no Mercatus Center, da Universidade George Mason.