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Coagulação pós-vacina da covid vem de respostas imunitárias desreguladas

Por| Editado por Luciana Zaramela | 11 de Dezembro de 2023 às 08h27

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Wavebreakmedia/Envato Elements
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As vacinas da covid-19 baseadas em adenovírus apresentavam um risco raro, mas grave, de coagulação sanguínea. A própria OMS afirmou que os benefícios são superiores às reações, mas a comunidade científica não descansou até entender o porquê desse efeito colateral. Um estudo publicado no último dia 26 na revista Blood chegou a uma possível resposta: duas reações imunitárias descontroladas que ocorreram ao mesmo tempo.

A condição conhecida como trombose com síndrome de trombocitopenia ocorre quando uma pessoa tem coágulos sanguíneos (trombose), bem como baixa contagem de plaquetas no sangue (trombocitopenia).

Já nos primeiros estudos voltados aos casos de coagulações, em 2021, os cientistas descobriram que são efeitos diretamente relacionados ao PF4, um sinal químico liberado pelas plaquetas. Nesses casos raros, o corpo produz anticorpos contra PF4. Esses anticorpos se prendem ao PF4 e formam aglomerados que poderiam então se ligar a receptores que ativariam as plaquetas e levariam a uma resposta descontrolada de coagulação.

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No entanto, o novo estudo descobriu que o PF4 por si só também ativa um segundo conjunto de receptores que causam o acúmulo de plaquetas, provavelmente uma segunda razão pela qual a coagulação fica descontrolada.

Na ocasião, os pesquisadores testaram amostras de sangue de indivíduos saudáveis ​​e de pessoas com a síndrome para rastrear os sinais que levam à coagulação. Eles descobriram que o PF4 ativa um receptor chamado c-Mpl nas plaquetas, o que faz com que elas se agrupem.

Isso se soma ao mecanismo descoberto em 2021, no qual complexos de PF4 e anticorpos PF4 ativam outros receptores das plaquetas.

Coágulos pós-vacinas da covid-19

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Os casos são ligados a especificamente aos imunizantes que adotam os adenovírus na formulação, como é o caso da fórmula da Janssen (Johnson & Johnson) e da Covishield (Oxford/AstraZeneca). Ambas as vacinas foram relacionadas a alguns casos de trombose entre os imunizados, principalmente na Europa e nos Estados Unidos.

Para se ter uma noção, a vacina da AstraZeneca teve a produção suspensa no Brasil justamente por esse motivo.

Os cientistas têm algumas pistas sobre a razão pela qual as vacinas contra adenovírus podem desencadear esta resposta: o PF4 transporta uma carga eléctrica positiva na sua superfície, enquanto os adenovírus têm uma carga altamente negativa, e se podem ligar facilmente. Mas mesmo isso não está confirmado, e a ideia dos pesquisadores é entender isso a fundo a partir de futuros estudos.

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Fonte: The New England Journal of MedicineBlood