Cientistas pedem que pesquisas com vida espelhada parem: "risco sem precedentes"
Por Lillian Sibila Dala Costa • Editado por Luciana Zaramela |

Um painel de cientistas internacionais se reuniu para emitir um alerta: a ciência não deve continuar pesquisas para criar micróbios “espelho da vida”, já que estes poderiam ser um risco sem precedentes à vida na Terra, em suas próprias palavras. A lista inclui pesquisadores que já ganharam o Prêmio Nobel e outros especialistas por todo o mundo.
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Segundo a equipe, essas bactérias-espelho — criadas a partir da imagem espelhada de moléculas naturais — poderiam acabar se estabelecendo no meio ambiente e fugindo do sistema imune dos organismos, ameaçando humanos, animais e plantas com infecções potencialmente letais.
O que são micróbios-espelho
Um micróbio-espelho, como tecnologia viável, provavelmente só existirá daqui a dez anos, mas cientistas já estão pensando sobre seus impactos no mundo. São 38 cientistas buscando a desistência de outros pesquisadores de projetos incluindo a novidade e da retirada de financiamento por mecenas para a criação de micróbios do tipo.
Nomes incluem Craig Venter, cientista estadunidense que liderou o esforço privado para sequenciar o genoma humano nos anos 1990, e os ganhadores do Nobel Greg Winter (Universidade de Cambridge) e Jack Szostak (Universidade de Chicago). Basicamente, muitas moléculas da vida existem em duas formas diferentes, uma sendo o espelho da outra.
O DNA de todos os organismos é feito de nucleotídeos “destros”, enquanto as proteínas que formam as células são feitas de aminoácidos “canhotos”. Não se sabe porque a organização é dessa forma, mas cientistas já fabricaram moléculas-espelho para estudá-las de perto.
Alguns iniciaram os passos para a criação de micróbios-espelho, mas a tecnologia atual ainda não permite finalizar tais projetos. Publicado junto a um comentário na revista científica Science, um reporte de 299 páginas foi emitido, onde são descritos os riscos dessa área de estudos, como infecções letais, mesmo que estratégias de biocontenção sejam tomadas.
Nas palavras dos autores, “a menos que evidências convincentes de que a vida espelhada não ofereça danos sérios, nós acreditamos que bactérias-espelho e outros organismos espelhados [...] não devem ser criados”. Segundo eles, ainda há tempo para discutir o tema e fazer pesquisas de forma responsável, apenas após conversas e estudos globais provando que tais bactérias seriam inofensivas.
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Fonte: Science, Stanford Digital Repository