Permafrost da Sibéria é uma fonte massiva de gases de efeito estufa, diz estudo
Por Wyllian Torres • Editado por Patricia Gnipper |
Uma nova fonte massiva de dióxido nitroso (N2O), um dos principais gases de efeito estufa (GEE), foi descoberta no permafrost da Sibéria. Segundo o estudo liderado pela University of Eastern Finland, a região se estende por mais de um milhão de metros quadrados no hemisfério Norte em um tipo abundante de solo congelado, chamado Yedoma.
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Para que a crise climática seja combatida com a devida urgência que ela exige, é necessário entender quais fatores têm contribuído para o aquecimento global. Este é o caso do derretimento do permafrost — ou pergelissolo —, um solo encontrado no Ártico rico em matéria orgânica e permanentemente congelado.
Conforme este solo derrete, ele passa a liberar gases de efeito estufa como o dióxido nitroso. Para o estudo, os pesquisadores examinaram os rios Lena e Kolyma, localizados ao nordeste da Sibéria. Ali, eles perceberam que, conforme o Yedoma derrete ao longo das margens, ele libera de 10 a 100 vezes mais N2O do que a quantidade normal esperada.
Os autores explicaram que o alto conteúdo de gelo torna a região vulnerável ao degelo abrupto e, portanto, ao colapso do solo, mobilizando rapidamente os estoques de carbono e nitrogênio. Nas encostas e às margens do Ártico, cria-se uma exposição íngreme com dezenas de metros de altura que favorece essa dinâmica.
O N2O é produzido por determinados micróbios presentes no solo e ele não é tão abundante quanto outros GEE, como o dióxido de carbono (CO2) e metano (CH4). No entanto, seu efeito ao longo prazo para o clima é bem maior. Por exemplo, em um período de 100, ele é 300 vezes mais forte do que o CO2.
Derretimento do permafrost
A partir da análise do permafrost, os pesquisadores observaram que, embora o derretimento comece de forma lenta, uma vez iniciado ele se torna cada vez mais veloz. À medida que o solo descongela, a população de micróbios produtores de N2O cresce, enquanto os organismos que os consomem diminuem.
Isso afeta o ciclo do nitrogênio — e o resultado é mais N2O liberado. Além disso, os pesquisadores destacaram que esta dinâmica não se limita apenas aos locais analisados da pesquisa. Até então, pensava-se que o nitrogênio do permafrost não fosse um agente tão severo das mudanças climáticas, uma vez que seu ciclo era mais lento.
Por outro lado, os pesquisadores destacaram que o degelo também pode melhorar a disponibilidade de nitrogênio para os ecossistemas árticos, ajudando no sequestro de carbono executado pelas plantas. Ainda assim, é necessário que mais estudos sejam realizados para entender a complexidade desses fenômenos na região.
Fonte: Nature Communications; Via ScienceAlert