Cientistas descobrem proteína que faz os espermatozoides nadarem
Por Nathan Vieira • Editado por Luciana Zaramela |
Na última quarta-feira (25), um estudo publicado na revista Nature foi responsável pela descoberta da proteína que faz os espermatozoides nadarem. O experimento envolveu ouriços-do-mar, mas os pesquisadores afirmam que essa proteína pode ser encontrada em diversos animais, tal como nos seres humanos.
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A proteína fica na membrana celular do esperma e ajuda a transportar íons de sódio e hidrogênio para dentro e para fora da célula. Segundo o artigo, é um papel importante para regular o pH, o teor de sal e o volume da célula, ajudando a manter viva e saudável.
Mas os pesquisadores ressaltam que a proteína funciona de forma diferente em diferentes animais. Por isso, os dados sobre os ouriços-do-mar não se traduzem diretamente no desenvolvimento de medicamentos para a fertilidade humana, mas a expectativa do estudo é apontar para como o esperma utiliza truques de outras células para construir as suas próprias proteínas únicas.
Proteína dos espermatozoides
A proteína se chama SLC9C1 e combina habilidades nunca vistas. A equipe usou uma técnica chamada microscopia crioeletrônica para estudá-la. Nesta técnica, as amostras são resfriadas e um feixe de elétrons passa por elas para criar imagens de alta resolução.
Nos ouriços-do-mar, a proteína torna o interior dos espermatozoides mais básico e menos ácido, ao trocar íons de sódio e prótons para dentro e para fora da célula.
Mudanças na voltagem da membrana celular desencadeiam esta transferência, o que os pesquisadores afirmam se tratar de um método nunca visto neste tipo específico de proteína de transporte de membrana.
Agora, os cientistas estão interessados no possível papel da SLC9C1 na infertilidade masculina. Como é uma proteína específica do esperma, o futuro pode reservar algum produto farmacêutico que interrompa a proteína e que não interfira em outras células do corpo. É claro que ainda há um longo caminho até que isso seja possível.
Espermatozoides quebram leis da física
É uma semana importante para a ciência, no que diz respeito à reprodução. Isso porque, na última terça-feira (24), um estudo sugeriu que os espermatozoides quebram leis da física (no caso, a terceira lei de Newton, que diz que para cada ação, há uma reação igual e oposta).
O artigo explica que os espermatozoides usam apêndices semelhantes a cabelos, chamados flagelos, para se movimentar. Eles se projetam da célula, quase como uma cauda, ajudando a impulsioná-la para frente, mudando de forma à medida que interagem com o fluido. Como espermatozoides fazem isso de forma não recíproca, não provocam uma resposta igual e oposta do ambiente.
Fonte: Nature, Nature Communications