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Cientistas descobrem molécula que ataca tipo mais agressivo de câncer de mama

Por| Editado por Luciana Zaramela | 17 de Maio de 2022 às 15h20

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Rido81/Envato
Rido81/Envato

Uma equipe de pesquisadores descobriu uma nova molécula, a MS023, que pode ser potencialmente usada para o combate de tumores de mama triplo negativo. Esta é a forma mais agressiva da doença e nem sempre o prognóstico — desenvolvimento do quadro — é promissor, já que os tratamentos disponíveis não são específicos.

Publicado na revista científica Nature Chemical Biology, o estudo sobre a nova molécula foi desenvolvido por diferentes centros de pesquisa, englobando cientistas do Canadá, da China e do Brasil. No braço brasileiro, contribuíram autores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).

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“Demos um passo importante em direção à ‘medicina de precisão’, na qual os pacientes são tratados com medicamentos adaptados ao seu tipo específico de câncer”, explicou Cheryl Arrowsmith, coautora do estudo e pesquisadora no Princess Margaret Cancer Centre, no Canadá, em comunicado.

Riscos do câncer de mama triplo negativo

Vale explicar que o câncer de mama é um dos tipos de tumor mais diagnosticado em todo o mundo. Do total de casos, o subtipo triplo negativo representa entre 15% e 20% dos diagnósticos e é responsável por 25% das mortes. Além disso, a taxa de recidiva é considerada alta, calculada em cerca de 30%.

O principal desafio se deve ao fato de que a ciência ainda não desenvolveu um tratamento específico para combater as suas células cancerígenas. Isso porque esse tumor é caracterizado pela ausência de receptores de estrogênio, de progesterona e de fator de crescimento epidérmico humano 2 (HER2) na sua membrana da celular. De forma geral, são todos alvos de terapias oncológicas e, neste tipo, não podem ser consideradas.

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Por causa das ausências, os médicos adotam quimioterápicos genéricos, ou seja, medicamentos utilizados para outras terapias contra tumores, mas inespecíficos. Nesses casos, o foco do medicamento está em impedir a proliferação do tumor e, não, em algo específico, que diferencie o tumor da célula benigna, o que impacta o sucesso dos tratamentos.

Como funciona a nova molécula?

No recente estudo, a equipe de cientistas conseguiu estabelecer a proteína metiltransferase 1 (PRMT1) como um bom alvo terapêutico. A partir deste momento, buscaram possíveis moléculas que poderiam combater o tumor através de experimentos de laboratório e análises de bioinformática. Entre as testadas, a mais promissora foi a MS023.

Segundo os autores do estudo, a MS023 induz à autodestruição da célula tumoral na medida em que aciona um dos sistemas celulares de defesa, também conhecido como o sistema interferon (IFNs). Potencialmente, a descoberta pode culminar na produção de um novo medicamento para humanos, mas os testes ainda estão em fases pré-clínicas.

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Por enquanto, os pesquisadores testaram a molécula, com sucesso, no tratamento de roedores com o câncer de mama humano triplo negativo. Com a terapia, o crescimento do tumor foi reduzido e também foi possível identificar a sua retração. Além disso, a medicação gerou efeitos positivos em organoides, derivadas de pacientes portadoras do câncer.

Na próxima etapa do estudo contra o câncer de mama, mais estudos devem ser realizados em modelos animais e, no futuro, deve ser testado em voluntários humanos. Apesar do longo caminho científico, os autores são otimistas com os resultados alcançados até agora.

É importante destacar que o estudo foi conduzida no âmbito do Structural Genomics Consortium (SGC), um consórcio internacional de centros de pesquisa, parceiro da Fapesp no projeto do CQMED. O objetivo do projeto é estudar proteínas humanas pouco exploradas que podem servir de alvo para novas terapias.

Fonte: Nature Chemical Biology e Agência Fapesp