Cientistas descobrem genes associados ao TDAH
Por Nathan Vieira | •

Depois de revelar como é o cérebro de quem tem TDAH, a ciência agora se concentra em apontar os genes que estão associados à condição. As descobertas foram apresentadas pelos pesquisadores de Yale em parceria com a USP na revista Nature Communications deste mês.
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- Cientistas podem ter achado a resposta para o TDAH em genes únicos
De acordo com o material, o TDAH pode ter o envolvimento de um gene chamado KDM5B, graças a uma enzima conhecida como lisina demetilase 5B.
Conforme os pesquisadores mencionam, é uma enzima que ajuda a regular a expressão de outros genes e a manter a estabilidade do DNA nas células. Em caso de mutação, a função da enzima pode ser comprometida. Como consequência, isso pode prejudicar o funcionamento e desenvolvimento do cérebro, contribuindo para os sintomas do TDAH.
Outros genes que ganharam destaque na pesquisa são:
- YLPM1, ligado ao funcionamento do maquinário da expressão gênica
- CTNND2, associado ao desenvolvimento embrionário
- GNB2L1, associado à sinalização celular
Para o estudo, os pesquisadores fizeram o sequenciamento de DNA do exoma (regiões codificantes do genoma) em 152 famílias.
Genes de alto risco para TDAH
"Identificamos a lisina desmetilase 5B (KDM5B) como um gene de risco de alta confiança para TDAH e estimamos que 1.057 genes contribuem para o risco de TDAH", diz o estudo.
"Usando nossa lista de genes abrigando variantes ultra-raras de novo prejudiciais, mostramos que esses genes se sobrepõem a genes de risco relatados anteriormente para outras condições neuropsiquiátricas e são enriquecidos em várias vias biológicas canônicas, sugerindo bases neurodesenvolvimentais precoces do TDAH", acrescenta o material.
Os pesquisadores ainda dizem que se trata do maior estudo de sequenciamento de DNA de exoma completo de pais e filhos com TDAH até o momento. "Encontramos uma taxa significativamente maior de variantes raras e ultra-raras de novo prejudiciais em crianças com TDAH", pontuam os autores.
TDAH tem ligação com outras condições
Anteriormente, um estudo do Instituto Karolinska apontou que o TDAH em adultos pode ter uma relação com obesidade, doenças do fígado, epilepsia, insônia e doenças pulmonares crônicas, o que tem sido cada vez mais explorado na literatura científica.
Outra possível relação que tem intrigado cientistas ao redor do mundo é que as pessoas com TDAH podem ser mais propensas ao Alzheimer.
O que é TDAH
Como podemos observar, o TDAH é um enigma a ser decifrado pouco a pouco pela medicina. Esse transtorno neurobiológico traz sintomas como falta de atenção, inquietação e impulsividade. Aparece na infância e pode acompanhar o indivíduo por toda a vida.
Normalmente, o TDAH é controlado por meio de uma combinação de medicamentos e psicoterapia. Quanto mais informações os especialistas tiverem (como é o caso dessa nova descoberta de genes associados ao TDAH), mais fácil será a tarefa de pensar na melhor maneira de lidar com a condição.
Fonte: Nature Communications