Cientistas controlam bactérias através de ultrassom para combater câncer
Por Nathan Vieira | Editado por Luciana Zaramela | 30 de Março de 2022 às 14h05
Cientistas do California Institute of Technology (Caltech) conseguiram controlar bactérias geneticamente modificadas para combater o câncer, destruindo as células cancerígenas no organismo. As descobertas em torno desse novo método foram compartilhadas na revista científica Nature Communications, no último dia 24.
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A bactéria Escherichia coli pode se infiltrar em tumores cancerígenos quando injetada na corrente sanguínea de um paciente, e assim produzir proteínas terapêuticas, chamadas de nanocorpos. A presença desses nanocorpos permite que o sistema imunológico ataque o tumor.
A outra mudança genética consiste em um "interruptor térmico", que ativa o nanocorpo quando a bactéria atinge uma temperatura específica, maior do que a temperatura normal do grupo (37 graus Celsius). Assim, a bactéria se desenvolve dentro do tumor até que uma fonte externa (nesse caso, o ultrassom) faça elevar a temperatura, ativando a substância.
No artigo, os pesquisadores explicam que conseguiram focar o ultrassom em um ponto específico para elevar a temperatura desse tecido. Para testar a nova ferramenta com potencial para ser uma aliada no combate ao câncer, a equipe injetou células bacterianas em camundongos com algum tumor. Os resultados apontam que os tumores desses camundongos tratados com essas células bacterianas se desenvolveram lentamente, em comparação com os outros.
Em contrapartida, não foi unânime, e alguns tumores se desenvolveram no tempo comum mesmo sob a interferência das bactérias, o que leva os pesquisadores a afirmarem que mais estudos são necessários, até que se chegue a uma conclusão mais concreta.
Anteriormente, cientistas já encontraram um vírus modificado que pode ser base de uma "vacina" contra o câncer de próstata, ao tornar as células tumorais ainda mais sensíveis ao tratamento com quimioterapia.
Fonte: Nature Communications, Caltech, Science Blog