Cientistas alertam para os perigos de fezes de cães deixadas nas ruas
Por Nathan Vieira • Editado por Luciana Zaramela |

Não recolher o cocô de cachorro na rua é uma atitude mais perigosa do que se pensa, propensa a diversas consequências negativas para a saúde, segundo alerta um recente estudo. O que acontece é que esses materiais podem conter micro-organismos que causam doenças em humanos, como Salmonella, E. coli, Giardia e parasitas internos.
- Porcos transmitem superbactérias aos humanos, segundo cientistas
- Por que cachorros e gatos trazem animais mortos para seus tutores?
Mas um dos grandes perigos é que o cocô de cachorro também pode ser um reservatório potencial para bactérias resistentes a antibióticos, o que significa que os humanos podem desenvolver infecções bacterianas difíceis de tratar.
A questão é tão séria que a resistência antimicrobiana está entre as principais causas de morte no mundo. Segundo dados da Pesquisa Global sobre Resistência Antimicrobiana (Gram), por dia, 3,5 mil pessoas morrem em decorrência da condição, mas a intensidade é maior em países de baixa renda.
Segundo estudo publicado na Scientific Reports, as fezes são encontradas com mais frequência e em maior quantidade em parques onde os cães podem passear sem coleira, e perto de entradas de parques e estacionamentos, o que sugere que os visitantes provavelmente serão expostos a grandes quantidades. "Educar os donos de cães pode ser uma abordagem eficaz para reduzir a contaminação fecal", diz o artigo.
"As fezes caninas também podem transmitir parasitas zoonóticos e contaminar a água. Os parques da cidade podem ser considerados um recurso comum compartilhado pelos usuários do parque, cujo valor pode ser degradado pela contaminação fecal de cães", alerta o estudo.
"A alta prevalência de parasitas gastrointestinais e potencialmente zoonóticos em fezes de cães, como Giardia 24, e pelo menos um caso de Echinococcus multilocularis altamente letal acrescenta a urgência da avaliação da contaminação fecal canina nas praças públicas como um todo", o artigo ainda completa.
Cachorro transmite bactérias?
Anteriormente, cientistas do Royal Veterinary College e da Universidade de Lisboa alertaram que os cachorros transmitem bactérias aos humanos através da lambida, uma vez que costumam lamber as partes íntimas e depois lambem o rosto (e às vezes até os lábios) de seus tutores.
Apesar de mais comum, a forma de transmissão pode não se limitar apenas a lambidas diretas: as pessoas podem fazer carinho no pet, que anteriormente espalhou os micro-organismos pela superfície dos pelos, e levar os dedos à boca algum tempo depois, sem ter lavado as mãos.
Em paralelo, pesquisas da Universidade de Bristol apontaram os riscos do consumo de carne crua por cães de estimação. Os animais alimentados dessa forma têm chances maiores de excretar bactérias resistentes a antibióticos em suas fezes. O contato com elas pode contaminar pessoas e outros animais.
A recomendação para quem possui cães em casa é sempre cuidar da saúde dos animais e levá-los periodicamente ao veterinário para manter o cartão de vacinas em dia, além de atualizar as medicações complementares, como vermífugos. Após brincar com o pet, lembre-se de lavar as mãos. É essencial que tutores prezem pela saúde dos animais para evitar contaminações.
Quanto aos passeios, é essencial que tutores levem sacolas plásticas e recolham o cocô do cachorro, com auxílio de uma pá. Ao chegar em casa, o correto é descartar o conteúdo da embalagem no vaso sanitário e higienizar as mãos logo após.
Fonte: Scientific Reports, Frontiers in Zoology, The Conversation, Science Alert