Dar carne crua a cães aumenta as chances de bactéria resistente a antibióticos
Por Augusto Dala Costa | Editado por Luciana Zaramela | 21 de Julho de 2022 às 12h08
Duas pesquisas de cientistas da Universidade de Bristol apontaram os riscos do consumo de carne crua por cães de estimação. Os animais alimentados dessa forma têm chances maiores de excretar bactérias Escherichia coli resistentes a antibiótico em suas fezes — e compartilhar os microorganismos com seus donos humanos pode ter consequências séries à sua saúde.
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Um dos estudos foi publicado nesta quinta-feira (21) na revista científica Journal of Antimicrobial Chemotherapy, investigando cães adultos e seu consumo de carne crua; outro estudo foi publicado na revista One Health, desta vez analisando filhos com 16 semanas de vida. Os resultados apontam para chances de excretar a bactéria se distinção de idade ou tempo de exposição à carne crua na dieta.
Bactérias e fatores de risco
Outro fator importante no potencial para desenvolver a bactéria resistente é o ambiente onde o animal vive. Alimentação com carne crua é um fator de risco aos bichos que moram no campo, sendo que os cães da cidade têm fatores de risco muito mais complexos, já que os estilos de vida podem variar muito, bem como sua exposição a microorganismos.
Entre os dois estudos, foram recrutados 823 cães com seus donos, sendo 223 filhotes para um dos estudos e 600 adultos para o outro. Os donos preencheram questionários acerca de seus animais de estimação, suas dietas e ambiente, além de amostras fecais dos animais. Elas foram testadas para a presença da E. coli, também passando por uma análise das associações entre fatores de estilo de vida e ambiente para seu aparecimento.
Segundo os cientistas, bactérias resistentes a antibióticos estão por todos os lugares, mas alguns dos medicamentos são considerados críticos em seu uso por humanos: cães que se alimentam de carne crua, por exemplo, apresentam chances maiores de carregar bactérias resistentes a remédios dos mais importantes para nós. Isso, no entanto, não quer dizer que o animal ou o dono ficarão doentes.
A bactéria E. coli é encontrada nos intestinos de todos os humanos e animais, sendo praticamente onipresente, mas também pode causar muitas doenças, como infecções do trato urinários, e até condições mais sérias, como sepse, caso se espalhe para outras partes do corpo. A pesquisa traz o apontamento de mais um cuidado para evitar a circulação de E. coli e outras bactérias potencialmente resistentes a antibióticos.
Humanos e animais compartilham bactérias, então o que está no seu animal de estimação pode estar em você também. Os cientistas encorajam boas práticas de higiene para com os bichinhos, além de evitar alimentá-los com carne crua, ajudando tanto o cão quanto o humano a manterem sua vida saudável. Os animais, lembramos, não têm culpa de hospedar certas bactérias e outras condições, e é responsabilidade de nós, humanos, cuidar bem deles.