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Cientista que editou embriões humanos está solto e investe em medicina genética

Por  • Editado por Luciana Zaramela | 

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Em novembro de 2018, o cientista chinês He Jiankui anunciou o nascimento dos primeiros bebês editados geneticamente, quando ainda eram embriões, as gêmeas Lulu e Nana. Em seguida, veio a bebê Amy. Após o experimento altamente controverso, que ultrapassa os limites da ética, o pesquisador da Universidade de Ciência e Tecnologia do Sul da China foi preso. Após cumprir a pena de três anos, ele está solto desde o ano passado, período que aproveita para investir em novas pesquisas na área da genética.

Segundo apuração da revista norte-americana The New Yorker, Jiankui planejava abrir um laboratório sem fins lucrativos para tratar doenças de origem genética sem cura. Inicialmente, o foco da pesquisa seria a Distrofia Muscular de Duchenne em crianças, uma condição degenerativa do tecido muscular que afeta os movimentos voluntários e involuntários do corpo, incluindo a respiração. Além de buscar a formulação de uma nova terapia genética contra esta doença, o cientista espera curar outras quatro doenças nos primeiros três anos de operação.

Outro foco das suas pesquisas são os genes associados com a doença do Alzheimer e formas de editá-los, através da técnica CRISPR, por enquanto em modelos animais. No atual estágio de entendimento científico da questão, o próprio Jiankui reconhece o risco de trabalhar com embriões humanos. É o que revela uma proposta de pesquisa sobre o tema que o cientista publicou.

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Em paralelo, Jiankui ocupa o cargo de diretor do Instituto de Medicina Genética da Universidade de Tecnologia de Wuchang, em Wuhan.

Entenda o caso dos embriões editados geneticamente

Antes de compreender melhor o caso dos bebês que passaram por um experimento de edição genética quando ainda eram embriões, é preciso explicar o porquê desse tipo de pesquisa ser proibido em inúmeros países, incluindo no Brasil. De forma simples, a ciência não sabe prever quais complicações a remoção ou alterações em um gene ou de um fragmento do DNA podem ter na vida de um indivíduo que vai crescer e, eventualmente, se reproduzir.

Essas alterações no genoma humano ainda poderão ser transmitidas para outras gerações, mesmo que pouco exploradas. Por exemplo, elas podem aumentar a incidência de cânceres ou da formação de defeitos congênitos.

Contraindo todos os riscos e as questões éticas conhecidas, o cientista Jiankui usou a técnica CRISPR, classificada em anotações dele como “tesouras mágicas de Deus”, para alterar o gene CCR5 e, com isso, fornecer aos futuros bebês a imunidade contra o vírus da Aids. Este gene é o mesmo associado aos seis casos de cura do HIV, após transplantes de medula óssea.

Até hoje, o público não sabe o que aconteceu com as crianças geradas pelo método experimental e nem se, de fato, elas têm imunidade natural ao HIV. No momento, Jiankui informa que “as gêmeas não foram mortas e nem esterilizadas”. Na verdade, “elas estão vivendo felizes com seus pais”, acrescenta, sem dar detalhes sobre possíveis complicações à saúde das crianças que estão com cerca de 5 anos.

Fonte: The New Yorker