Ciência descobre mecanismo cerebral por trás da enxaqueca
Por Nathan Vieira • Editado por Luciana Zaramela |

Costuma sofrer com dores de cabeça? Então esse estudo é para você! Pesquisadores da University of Copenhagen (Dinamarca) detectaram finalmente um mecanismo no cérebro que gera a famosa (e irritante) enxaqueca. As informações foram publicadas na revista Science.
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Conforme nos mostra o estudo, trata-se de um mecanismo até então desconhecido pelo qual proteínas do cérebro são transportadas para um grupo específico de nervos sensoriais. Essa novidade na literatura científica pode abrir caminho para novos tratamentos.
Nesse mecanismo, as proteínas liberadas do cérebro durante a enxaqueca são transportadas com fluido cerebrospinal para os nervos de sinalização da dor. Dessa forma, as proteínas ativam um grupo de corpos de células nervosas na base do crânio, o chamado gânglio trigêmeo.
No estudo em questão, o gânglio trigêmeo é descrito pelos cientistas como "uma porta de entrada para o sistema nervoso sensorial periférico do crânio”.
Mecanismo da enxaqueca
Na raiz do gânglio trigêmeo, a barreira que geralmente impede que substâncias entrem nos nervos periféricos está ausente. Resultado: substâncias no líquido cefalorraquidiano podem entrar e ativar esses nervos sensoriais.
“Identificamos o canal primário de comunicação entre o cérebro e o sistema nervoso sensorial periférico. É uma via de sinalização previamente desconhecida, importante para o desenvolvimento da enxaqueca, e pode estar associada a outras doenças de cefaleia também”, diz o professor Maiken Nedergaard, em um comunicado.
Segundo os pesquisadores, a maioria dos pacientes tem dores de cabeça unilaterais, e essa via de sinalização pode ajudar a explicar o porquê.
"Nosso estudo mostra que as substâncias não são transportadas para todo o espaço intracraniano, mas principalmente para o sistema sensorial do mesmo lado, que é o que causa dores de cabeça unilaterais”, concluem os autores.
Proteínas do cérebro
O estudo descreve 12 proteínas que aumentaram em concentração agiram como substâncias transmissoras capazes de ativar nervos sensoriais.
O grupo identificado pelos pesquisadores inclui CGRP, já associada à enxaqueca e usada em tratamentos existentes, mas o objetivo é que essas outras proteínas possam ser usadas em novos tratamentos contra a enxaqueca.
Fonte: Science, University of Copenhagen