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Células cerebrais em placa de Petri aprendem a jogar Pong e vão ficar "bêbadas"

Por| Editado por Luciana Zaramela | 12 de Outubro de 2022 às 21h30

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Fidel Forato/Canaltech
Fidel Forato/Canaltech

Neurocientistas ensinaram uma massa de células cerebrais, cultivadas em uma placa de Petri, a jogarem o clássico videogame Pong, dos anos 1970. Inclusive, durante o experimento, essas células foram se aperfeiçoando no jogo. O próximo passo da pesquisa envolve entender como elas jogariam se estivessem bêbadas.

Publicado na revista científica Neuron, o estudo sobre as células cerebrais que jogam Pong foi liderado por diferentes institutos de pesquisa, incluindo a University College London, no Reino Unido.

O experimento demonstra que mesmo as células cerebrais em uma placa de Petri, sem um corpo físico, podem exibir inteligência inerente. “De vermes a moscas e humanos, os neurônios são o bloco de partida para a inteligência generalizada”, afirma o pesquisador Brett Kaganm, do Cortical Labs, na Austrália, em comunicado.

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Como foi feito o experimento com células cerebrais jogando Pong?

No experimento, os pesquisadores uniram células do cérebro provenientes de roedores com células cerebrais humanas, derivadas de células-tronco e cultivadas em laboratório. No total, cerca de 800 mil células vivas foram usadas.

Em seguida, os pesquisadores desenvolveram um sistema chamado de DishBrain. É basicamente uma placa de Petri com todas aquelas células cerebrais, cultivadas sobre uma matriz de microeletrodos capazes de estimular e detectar novos sinais elétricos.

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Para ensinar como jogar, o dispositivo fornecia aos neurônios um "feedback" elétrico sobre a posição da bola em relação à raquete de tênis. Com isso, as células cerebrais conseguiram coordenar suas atividades para acertar a bola. Conforme jogavam, mais elas aprendiam e se aperfeiçoavam na função.

Próximo passo: entender como as células jogam Pong enquanto estão bêbadas

Após validar o modelo com sucesso, os pesquisadores querem entender como estas células cerebrais se comportariam, durante uma partida de Pong, estando bêbadas. Para isso, a equipe estuda concentrações de etanol que poderiam gerar este efeito.

A ideia é "basicamente deixá-los 'bêbados' e ver se eles jogam mal o Pong, assim como [acontece] quando as pessoas bebem”, explica Kaganm. No futuro, outros testes com medicamentos específicos poderão ser desenvolvidos e, um dia, o modelo poderá ajudar em pesquisas sobre epilepsia e demência.

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Vale destacar que, no Canaltech, demos a história da massa de células cerebrais que jogam Pong, quando a pesquisa foi publicada apenas como preprint, ou seja, não tinha passado pela revisão por pares, como aconteceu agora.

Fonte: Neuron, Science Focus e EurekAlert