Carnaval | Como aproveitar a folia com saúde e segurança
Por Fidel Forato • Editado por Luciana Zaramela |
O bom brasileiro sabe: o carnaval é uma das festas mais esperadas! E para aproveitar essa data, nada melhor que saber curtir a folia nos bloquinhos, desfiles ou clubes sem exageros nem histórias ruins para contar depois da quarta-feira.
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Para festejar com segurança, médicos e biomédicos dão suas orientações. E sim, dá para manter os hábitos saudáveis e o bom senso enquanto você se diverte! A tônica é evitar doenças, inúmeros problemas de saúde e até acidentes.
Veja seis conselhos importantes para o carnaval:
1. Nada de compartilhar copos ou garrafas
Durante o carnaval — ou mesmo depois —, é preciso reforçar que copos, garrafas e talheres são de uso individual. “Evite compartilhar objetos de uso bucal ou pessoal, como copos e talheres", afirma o médico Érico Oliveira, do Hospital Alemão Oswaldo Cruz. Inclusive, esse hábito pode ser responsável pela transmissão de diferentes doenças, praticamente as mesmas transmitidas pelo beijo. São os casos da mononucleose ("doença do beijo"), herpes e sapinho (candidíase oral).
2. Beba com moderação no carnaval
Embora o álcool esteja bastante presente durante o carnaval, ficar bêbado e perder a noção está bem longe de ser um comportamento desejável. Se for beber, lembre-se de se manter hidratado e de se alimentar corretamente.
Aliás, cabe um alerta: o CISA – Centro de Informações sobre Saúde e Álcool orienta que é perigoso fazer misturas com bebidas alcoólicas, seja com energéticos, remédios ou substâncias ilícitas. À medida que a concentração de álcool se eleva no sangue, além de causar embriaguez, pode potencializar o efeito de demais substâncias e expor o folião a riscos, como complicações cardiovasculares e coma alcoólico.
“As consequências podem ser severas, mas muitas pessoas acreditam que essas misturas são inofensivas. Inclusive a ressaca deve ser encarada com seriedade, pois afeta funções cognitivas até o dia seguinte a um episódio de consumo excessivo”, explica Arthur Guerra, psiquiatra e presidente do CISA.
3. Cuidado com o sexo no carnaval
Se você pretende paquerar no carnaval, vá com parcimônia. Além das doenças transmitidas pelo beijo ou por objetos potencialmente contaminados, existem também as infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), que podem se disseminar ainda mais quando as pessoas têm relações sexuais enquanto estão em clima de euforia. Entre elas, estão a sífilis, o HIV, o HPV (papilomavírus humano), a gonorreia e a candidíase.
É importante pontuar que assédio sexual é crime e pode levar à cadeia aquele que o pratica. Por isso, o consentimento é fundamental e obrigatório. |
A sexóloga Tamara Zanotelli defende a importância do uso de preservativos se você se envolver em atividades sexuais durante o carnaval, para prevenir as ISTs e, claro, também uma gravidez não planejada. Aliás, respeito e consentimento são palavras de ordem: “O consentimento explícito é parte importante para você seguir adiante e até antes de fazer qualquer ato sexual, seja com uma pessoa que você conhece ou não”.
Se acidentes acontecerem durante a festa, é importante saber que você não deve ter medo de buscar ajuda. Inclusive, existem algumas alternativas que ajudam na redução de danos, como a pílula do dia seguinte para impedir uma possível gestação. No caso da prevenção emergencial do HIV, há a PEP (Profilaxia Pós-Exposição), disponível gratuitamente em alguns pontos do Sistema Único de Saúde (SUS).
Ainda na questão das ISTs, o médico Érico Oliveira lembra que "é importante fazer check-ups regulares para que possa detectar precocemente qualquer infecção e iniciar o tratamento imediatamente, caso necessário”.
4. Hidrate-se e use protetor solar
Algo importantíssimo que não deve ser deixado de lado é o cuidado com a pele no carnaval. O uso do protetor solar é essencial, já que evita queimaduras solares e insolação — esta última pode encurtar os dias do feriado. Sendo assim, leve sempre um bom filtro solar com você e reaplique quando necessário.
Já os cremes anti-suor ajudam a evitar as indesejadas dermatites. A dermatologista Paula Colpas conta que o suor e o calor são a combinação perfeita para o surgimento desses incômodos. “A umidade nas áreas das coxas, virilhas e axilas, que estão mais expostas por conta do uso das roupas curtas, somada aos movimentos repetitivos e a fricção constante nessas regiões, podem levar ao surgimento de assaduras”, complementa. “A recomendação é manter essas regiões sempre secas e protegidas com cremes que evitem o atrito e a umidade da pele”.
Aliás, hidratação é fundamental. “Hidrate bem a pele nos dias anteriores ao carnaval, tanto do rosto, quanto do corpo, para que ela esteja preparada para receber maquiagem, glitter, e utilize um talco líquido para evitar atritos no meio da multidão”.
Também vale destacar que, diante da onda de casos de lesões oculares e de cegueira temporária registrados no Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) proibiu temporariamente a comercialização de pomadas modeladoras para tranças. Os riscos são maiores quando o material é molhado e escorre do couro cabeludo para o rosto.
5. Mantenha as mãos limpas
Inevitavelmente, quem frequente as festas de carnaval, vai precisar recorrer a um banheiro químico. Marcado pela grande circulação de pessoas e pala falta de higienização, este é o local perfeito para a proliferação de vírus (hepatite A), bactérias (Escherichia coli) e parasitas (giardia). Estas são as doenças gastrointestinais.
Por isso, o médico Oliveira recomenda lavar as mãos com água e sabão antes e depois do uso, usar o álcool em gel e evitar o contato com as superfícies contaminadas das cabines. Outra dica importante é nunca entrar descalço nesses espaços.
Depois dessas importantes orientações, é hora de aproveitar o carnaval. "Em caso de sintomas, como febre, mal-estar, dores de cabeça e de garganta e fadiga, procure atendimento médico imediatamente para evitar a disseminação da doença", finaliza.
6. Cuidado com as caixas de isopor
A professora do curso de Biomedicina do Centro Universitário São Camilo, Jeane Facioli, explica que existem riscos de contaminação bacteriana ao beber diretamente na garrafa ou lata. Sendo assim, a dica é observar as condições do gelo e da caixa de isopor. Mesmo que tenha sido produzido com medidas de higiênicas, o gelo pode ser contaminado se a caixa estiver suja, rachada ou quebrada.
Além disso, fique de olho nas mãos do vendedor. “Isso também é fator crítico que compromete a qualidade do gelo e, se somar ao isopor sujo e gelo feito de água clandestina, o risco é ainda maior".
E passar a latinha ou garrafa na roupa, resolve? Segundo Jeane, não. É preciso limpar com um guardanapo, ou, melhor ainda, levar seu próprio lenço desinfetante para passar na latinha. “Se não for possível, tente não colocar a garrafa na boca e use canudos de papel”, orienta a profissional.