Ressaca no Carnaval | Como se cuidar se exagerar na bebida?
Por Fidel Forato • Editado por Luciana Zaramela | •
Carnaval é sinônimo de festa regada a muita bebida e diversão. E, quem bebe, sabe: a ressaca é praticamente inevitável, ainda mais se formos considerar os quatro dias de festa. A boa notícia é que, sim, há formas de evitar a ressaca, e traremos aqui alguns conselhos para que você amenize ou até mesmo evite se sentir como se tivesse sido atropelado por um caminhão no dia seguinte.
- Quanto tempo durou a ressaca mais longa já registrada pela ciência?
- Carnaval | Herpes passa pelo beijo?
A ciência ainda não descobriu uma fórmula mágica para impedir a ressaca, apesar de haver drinks e shots vendidos no mercado prometendo evitá-la. Em 2021, cientistas do King’s College London, no Reino Unido, coordenaram uma revisão sistemática — estudo que compara resultados obtidos em outras pesquisas sobre o mesmo tema — sobre a cura da ressaca, mas sem sucesso quanto à resolução do problema.
O que causa ressaca?
Antes de seguirmos, é importante entender o que provoca a ressaca após a ingestão excessiva de cervejas e drinks. O álcool é um diurético e, como tal, faz com que a produção de urina pelo corpo aumente, provocando variados graus de desidratação.
O consumo de bebida alcoólica retarda a liberação de um hormônio antidiurético (ADH), a vasopressina. Sem ela, os rins não conseguem manter o nível de hidratação necessário para o bom funcionamento do organismo e liberam o pouco de água de que o corpo consegue reter.
Quando o organismo está desidratado, os vasos sanguíneos — incluindo os do cérebro — se expandem, desencadeando as famosas dores de cabeça. O álcool e os seus subprodutos tóxicos também irritam o revestimento do estômago, causando uma sensação de mal-estar, enjoos e vômitos. Os níveis de açúcar no sangue diminuem e a pessoa pode se sentir cansada ou apresentar tremores, podendo inclusive entrar em coma alcoólico em casos mais graves.
Cada organismo vai sentir os efeitos do álcool à sua maneira. De forma geral, o grau de ressaca varia conforme a quantidade de bebida ingerida — exceto para pessoas com intolerância ou alergia ao álcool, como falaremos adiante.
Como evitar a ressaca?
A primeira dica é não começar a beber de estômago vazio, ou seja, antes de ir para um bloquinho ou festa, vale a pena fazer uma boa refeição com alimentos leves — como um frango grelhado, verduras e legumes. Se possível, faça pequenos "lanchinhos" durante a tarde, como uma fruta ou um mix de castanhas.
Além disso, é fundamental beber água durante a ingestão de bebidas alcoólicas. Para cada copo de cerveja, vale a pena tomar um copo de água ou suco. Assim você garante a hidratação do corpo e do cérebro, primeiro órgão a sofrer com a falta de água no organismo.
Como curar a ressaca?
Agora, se a pessoa não adotou nenhuma medida preventiva e "se jogou" no álcool durante o carnaval, tudo o que se pode fazer é reduzir os danos da ressaca. O jeito é tentar acelerar o processo de recuperação do corpo e de eliminação das toxinas geradas pelas bebidas alcoólicas.
Confira 5 estratégias para "curar" a ressaca:
1. Beba bastante água
Como já mencionado, a primeira dica para aliviar a ressaca é repor a quantidade perdida de água no corpo. Só é necessário tomar cuidado com os excessos, já que não vale a pena tomar uma garrafa com 1,5 litro de água de uma única vez. Outras bebidas, como isotônicos, sucos e água de coco, também são válidas. Experimente intercalar um copo de bebida com um de água!
2. Uma ajuda do açúcar
Os níveis de açúcar caem com o excesso de álcool, então, comer um docinho pode ser uma boa estratégia. Aqui, pode ser um chocolate (glicose) ou mesmo uma fruta (frutose) com bastante água, como melancia, morango e melão. Estes alimentos vão ser transformados em energia pelo organismo.
3. Café da manhã reforçado
Vale também tomar um bom café da manhã no dia seguinte ao Carnaval, evitando alimentos muito gordurosos. Neste momento, carboidratos, como pães, são bem-vindos. Outra boa opção são os ovos, que contêm um tipo de aminoácido capaz de neutralizar parte da toxicidade do álcool e outros inúmeros nutrientes que precisam ser repostos após a desidratação do corpo.
4. Cafeína, uma boa aliada
Para recuperar o nível de atenção, estimular o corpo e injetar cafeína no corpo — composto comum em remédios para dores de cabeça —, uma xícara de café pode ajudar no pós-ressaca. Só não vale exagerar, já que, em grandes doses, esses benefícios são perdidos.
5. Analgésicos, por que não?
Agora, se a situação pós-carnaval, estiver realmente difícil, é possível recorrer a uma última opção: os remédios contra dor. Medicações como dipirona podem ajudar no alívio da sensação de enjoo ou ainda com as dores de cabeça, tratando os sintomas. Só não é recomendado o uso de paracetamol, já que este pode irritar ainda mais o estômago e afetar o fígado, que ainda "luta" para eliminar as toxinas do álcool do organismo.
Se os sintomas da ressaca não passarem ou se a pessoa apresentar outros tipos de complicações, é recomendado que se busque atendimento especializado. O profissional de saúde poderá analisar o caso do paciente detalhadamente e indicar o melhor tratamento. |
É ressaca ou intolerância?
Após exagerar no consumo de álcool, os sintomas indesejáveis podem derrubar um folião. Porém, em alguns casos, esses efeitos nem sempre são uma simples ressaca: pode haver uma intolerância ao álcool, isto é, o organismo não consegue metabolizar a substância.
Segundo a coordenadora do curso de Nutrição da Faculdade Anhanguera, Juliane Casas, a "intolerância alcoólica ocorre quando o corpo não consegue processar o álcool devido à falta ou deficiência de enzimas responsáveis por seu metabolismo.
A intolerância é identificável pelo tempo de aparecimento dos efeitos indesejados da bebida. Enquanto a ressaca leva de 24 a 48 horas para aparecer, a intolerância pode surgir minutos após o consumo. Os sinais e sintomas são “vermelhidão facial, náuseas intensas, dor de estômago, sensação de calor, tonturas, queda na pressão arterial, batimentos cardíacos acelerados, desconforto abdominal, ansiedade e sintomas mais graves”, explica a professora.
Caso você suspeite de intolerância ao álcool, o ideal é procurar um profissional de saúde para uma avaliação e buscar tratamento.
Fonte: Cleveland Clinic e Harvard Medical School