Califórnia discute lei para transformar cadáveres humanos em adubo
Por Fidel Forato | Editado por Luciana Zaramela | 13 de Agosto de 2021 às 17h30
No estado norte-americano da Califórnia, as autoridades políticas discutem a aprovação de uma nova lei polêmica: a compostagem humana como destino de corpos de pessoas que faleceram. A prática é conhecida como redução orgânica natural e, atualmente, não é legalizada no estado. Esta seria uma alternativa ecologicamente consciente para quem não quer ser enterrado e nem cremado.
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Apresentado pela deputada Cristina Garcia, em fevereiro de 2020, o projeto de lei pode tornar a Califórnia o quarto estado dos Estados Unidos a legalizar o processo de compostagem humana, inicialmente, desenvolvido pela empresa Recompose. Em 30 dias, o corpo vira um adubo que pode ser usado para o cultivo de novas terras ou devolvido para a família.
“A redução orgânica natural permite um retorno literal à terra”, explicou a gerente de divulgação da Recompose, Anna Swenson. “Algumas pessoas gostam da ideia de estar na floresta quando morrem. Isso é o que eu escolhi para mim”, contou.
“Com a mudança climática e o aumento do nível do mar como ameaças reais ao nosso meio ambiente, este é um método alternativo de disposição final que não contribuirá com emissões para a nossa atmosfera”, defendeu a deputada Garcia, quando anunciou o projeto de lei.
Nos EUA, Washington foi o primeiro estado a aprovar uma lei que regulamentasse esta prática. Por lá, a medida está em vigor desde maio de 2020. Além disso, o Colorado e Oregon promulgaram uma legislação semelhante, mas não autorizam que o uso desse tipo de adubo seja aplicado em plantações de gêneros alimentícios. Delaware, Havaí e Vermont também consideram projetos de redução de orgânicos naturais, como a Califórnia.
Como funciona a redução orgânica natural?
Antes de iniciar o procedimento de redução orgânica natural, materiais não orgânicos, como restaurações metálicas, próteses e marca-passos são removidos. Em seguida, os cadáveres humanos são colocados em um cilindro de aço, com uma estrutura hexagonal.
Num segundo momento, esse espaço é preenchido com lascas de madeira, alfafa e palha. Passados 30 dias, o corpo todo — incluindo ossos e dentes — se decompõe no solo, gerando cerca de um metro cúbico de solo rico em nutrientes. Esta matéria é suficiente para encher dois carrinhos de mão de adubo.
Segundo os responsáveis pelo desenvolvimento da técnica, esse processo evita que cerca de uma tonelada de dióxido de carbono e outros gases tóxicos entrem na atmosfera. Além disso, evita a queima de combustíveis fósseis, necessária para cremação.
Fonte: Futurism e The Guardian