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Genes zumbis: sabia que alguns genes funcionam melhor após a morte?

Por| Editado por Luciana Zaramela | 25 de Maio de 2021 às 10h14

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 Gerd Altmann/Pixabay
Gerd Altmann/Pixabay

Será que, na hora da morte, o corpo inteiro de uma pessoa morre de uma só vez? Segundo pesquisa norte-americana, horas depois de um óbito, algumas células do cérebro humano permanecem em funcionamento. Neste processo, a expressão gênica para determinadas funções chega a aumentar no pós-morte. Estes genes foram classificados como "genes zumbis" por uma recente pesquisa da Universidade de Illinois em Chicago (UIC).

Publicado na revista Scientific Reports, o grupo de pesquisadores da UIC analisou a expressão gênica em tecido cerebral "fresco", após ser coletado durante uma cirurgia de rotina. Em seguida, a equipe acompanhou as mudanças nestas células e em seus comportamentos até a inatividade completa do tecido. Nesse processo, foi possível verificar que a expressão do gene em algumas células, realmente, aumentou após a "morte".

Para entender: cada gene carrega instruções (informação genética) para a produção de uma molécula importante para a atuação dentro da célula, como uma proteína ou um RNA. Quando se fala em expressão gênica, é deste processo que os pesquisadores investigaram. Dependendo do estímulo, a expressão pode ser paralisada ou ampliada, por exemplo.

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Afinal, o que são "genes zumbis"?

Segundo a pesquisa da UIC, os "genes zumbis" eram específicos das células gliais, do sistema nervoso central (SNC). No pós-morte, essas células crescem e formam apêndices parecidos com braços por muitas horas. "Dado que são [células] inflamatórias e que o trabalho delas é limpar as coisas após lesões cerebrais, como privação de oxigênio ou derrame", o aumento de atividade dessas células não surpreendeu o pesquisador Jeffrey Loeb, um dos autores do estudo.

No entanto, "a maioria dos estudos pressupõe que tudo no cérebro para quando o coração para de bater, mas não é assim", defendeu Loeb. Segundo o pesquisador, o padrão observado no estudo não correspondia com outros artigos publicados de expressão gênica cerebral pós-morte de pessoas sem distúrbios neurológicos ou de pessoas com uma ampla variedade de distúrbios neurológicos, variando do autismo para Alzheimer.

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Como foi feita a pesquisa para a descoberta dos genes?

Para o estudo norte-americano, foi usado um banco de tecidos cerebrais humanos de pacientes com distúrbios neurológicos que consentiram na coleta para pesquisa. Dessa forma, as amostras foram coletadas durante uma cirurgia padrão de pessoas com epilepsia. A remoção do tecido cerebral epiléptico pode ser realizada para ajudar a eliminar as convulsões, por exemplo. 

Após uma série de análises, a equipe observou que cerca de 80% dos genes analisados ​​permaneceram relativamente estáveis ​​por 24h após a morte e, neste intervalo, a expressão gênica foi pouco alterada. A maioria desses genes são conhecidos por serem de manutenção, já que fornecem funções básicas para as células do SNC. Por outro lado, genes envolvidos com os neurônios e responsáveis pelas atividades do cérebro humano, como memória e pensamento, degradaram-se muito rapidamente. Por fim, o terceiro grupo foi o dos "genes zumbis", das células gliais, que aumentaram a sua atividade no período. 

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Esta novidade deve alterar, potencialmente, o rumo das pesquisas com tecidos humanos, principalmente pesquisas que buscam tratamentos e curas potenciais para doenças como autismo, esquizofrenia e Alzheimer. Isso porque, normalmente, não consideram estas alterações de funcionamento dos genes.

"Nossas descobertas não significam que devemos descartar programas de pesquisa em tecidos humanos, apenas significa que os pesquisadores precisam considerar essas mudanças genéticas e celulares e reduzir o intervalo pós-morte tanto quanto possível para reduzir a magnitude dessas mudanças", explica Loeb. 

"A boa notícia de nossas descobertas é que, agora, sabemos quais genes e tipos de células são estáveis, quais se degradam e quais aumentam com o tempo, para que os resultados dos estudos cerebrais pós-morte possam ser melhores compreendidos", acredita o pesquisador.

Para acessar o estudo completo, publicado na revista Scientific Reports, clique aqui.

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Fonte: Science Daily