Cães e gatos também podem contrair a COVID-19; entenda os riscos
Por Fidel Forato |
Ainda não existe consenso sobre isso, mas algumas evidências apontam que a COVID-19 pode ser transmitida de pessoas contaminadas pelo novo coronavírus SARS-CoV-2 para os animais de estimação, como cães e gatos. É o que aponta casos confirmados por autoridades de saúde pública tanto nos Estados Unidos quanto no Reino Unido.
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"Precisamos conversar sobre nossos animais de estimação", alerta Susan Culp, integrante do Institute for Infectious Animal Diseases (IIAD), nos EUA. "Se você tem um ser humano em uma casa com diagnóstico positivo, além de se isolar de outras pessoas, eles precisam se isolar de seus animais de estimação", defende.
Recomendações oficiais
Em caso de diagnóstico positivo para a COVID-19 em humanos, o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) recomenda evitar que esses pacientes tenham contato direto com animais de estimação, ou seja, não é recomendado que a pessoa faça carinho, beije, deixe ser lambido, compartilhe a comida e nem durma na mesma cama. No caso de quem precisa cuidar do animal, é orientado que se faça com o uso de máscaras e que se lave as mãos (de preferência, com água e sabão) antes e depois do contato.
Isso porque a Comissão de Saúde Animal do Texas (TAHC), nos EUA, emitiu um alerta sobre o caso de um cachorro foi contaminado pelo novo coronavírus na região. A infecção foi confirmada oficialmente, após novos testes realizados pelos Laboratórios Nacionais de Serviços Veterinários do Departamento de Agricultura do país. Embora essa tenha sido a primeira detecção confirmada de animais no Texas, outros casos já foram identificados pelo mundo.
É o caso da Agência de Saúde Animal e Vegetal do Reino Unido (APHA) que, depois de uma rodada de testes, confirmo o disgnóstico positivo para a COVID-19 em um gato doméstico. Nesse caso específico, não há nem dúvidas quanto a infecção pelo coronavírus, isso porque pesquisadores da Universidade de Glasgow realizaram o sequenciamento completo do genoma do vírus encontrado em amostra do gato contaminado.
Sobre a confirmação da COVID-19, a professora Margaret Hosie, do Centro de Pesquisa de Vírus da Universidade de Glasgow, afirma: "Houve relatos esporádicos de gatos com a COVID-19 em Hong Kong, Bélgica, França, Alemanha, Suíça, Espanha, e os EUA que testaram positivo para SARS-CoV-2 e foram considerados infectados por seus donos, mas este é o primeiro relatório de um gato infectado no Reino Unido".
Segundo Hosie, "todas as evidências disponíveis sugerem que o gato foi infectado por seus donos, que haviam testado anteriormente positivo. O gato e seus donos já se recuperaram completamente e não houve transmissão do vírus a outros animais ou pessoas da casa".
O que fazer?
Para os casos de infecção em animais, a agência norte-americana esclarece: "Um protocolo para isolamento domiciliar aplica-se a todos os animais com teste positivo e que não requerem hospitalização. Esse protocolo envolve monitoramento diário, recomendações de isolamento e restrições de movimento". Isso significa que, pelo que foi observado, os animais contaminados não demandam de cuidados especiais, apenas observação na maioria dos casos.
Isso porque, segundo o CDC, "os coronavírus são uma grande família de vírus. Alguns coronavírus causam doenças do tipo resfriado nas pessoas, enquanto outros causam doenças em certos tipos de animais, como gado, camelos e morcegos. Alguns coronavírus, como coronavírus canino e felino, infectam apenas animais e não infectam seres humanos". Aparentemente, os animais domésticos não são ou são pouco afetados pela COVID-19.
Riscos de contágio?
Quanto ao risco de contágio de animais contaminados pelo novo coronavírus, o CDC afirma três importantes pontos: "No momento, não há evidências de que os animais tenham um papel significativo na disseminação do vírus que causa a COVID-19; Com base nas informações limitadas disponíveis até o momento, o risco de animais espalharem COVID-19 para as pessoas é considerado baixo; Ainda estamos aprendendo sobre esse vírus, mas parece que ele pode se espalhar de pessoas para animais em algumas situações".
"Atualmente, não há evidências de que gatos, cães ou outros animais domésticos tenham algum papel na epidemiologia de infecções humanas por SARS-CoV-2. Além disso, o significado do SARS-CoV-2 como patógeno felino ou canino é desconhecido, porque gatos e cães com infecções relatadas geralmente se recuperam e não há evidências de transmissão entre gatos ou cães no campo", pontua o professor William Weir, da Escola de Medicina Veterinária da Universidade de Glasgow.
Mais pesquisas
"Mais estudos são necessários para entender se e como diferentes animais podem ser afetados pela COVID-19", pontua o CDC. Nesse ponto, leões e tigres, de um zoológico em Nova Iorque, testaram positivo para o novo coronavírus, depois de apresentaram sintomas da infecção respiratória. Segundo as autoridades de saúde, a contaminação aconteceu depois de serem expostos a um funcionário infectado com a COVID-19. Agora, todos os felinos estão bem.
Como norma, para que um animal seja testado para o novo coronavírus nos Estados Unidos, outras possíveis causas dos sintomas devem ter sido descartadas primeiro e que alguém contaminado tenha tido contato com o animal, já que esse seria o transmissor do coronavírus.
Após a confirmação da COVID-19, os animais são testados e, posteriormente, se verifica o desenvolvimento de anticorpos para o vírus no organismo animal. A ideia é que, dessa forma, seja possível entender melhor como a infecção pelo coronavírus pode afetar cães e gatos, além de descobrir qual é o possível papel dos animais de estimação na propagação da pandemia.