Butantan começa a testar em humanos soro anti-covid; confira o que sabemos
Por Fidel Forato | Editado por Luciana Zaramela | 18 de Outubro de 2021 às 14h24
Responsável por desenvolver o primeiro soro brasileiro contra a covid-19, o Instituto Butantan já começou a testar a potencial fórmula em humanos. A Fase 1/2 da pesquisa foi iniciada após autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), concedida na sexta-feira (15). Agora, os pesquisadores buscam verificar se e como o soro anti-covid pode auxiliar o tratamento de pessoas infectadas pelo coronavírus SARS-CoV-2 — ao contrário da vacina, que é uma medida de prevenção.
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Os ensaios clínicos do soro anti-covid são realizados no Hospital do Rim e no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), ambos localizados na cidade de São Paulo. Em maio, a Anvisa já havia autorizado a pesquisa, mas alterações no protocolo foram solicitadas posteriormente.
O soro anti-covid é mais uma estratégia de tratamento voltada, principalmente, para pacientes imunossuprimidos. Este grupo de indivíduos apresenta um sistema imunológico menos eficaz e, em alguns casos, nem pode receber o imunizante. Além disso, são pessoas bastante afetadas pela covid-19, com uma taxa de mortalidade que pode ser superior a 65%.
Como será feito o estudo?
De acordo com o Butantan, as Fases 1 e 2 dos testes clínicos serão realizadas no modelo randomizado, multicêntrico e divididas em três etapas (A, B e C). O objetivo é avaliar a segurança e a eficácia do soro anti-covid, além de definir concentração da dose que será aplicada.
Para participar, os voluntários devem ter mais de 30 anos e apresentar um diagnóstico de infecção por covid-19 confirmado — pelo exame do tipo RT- PCR — há no máximo cinco dias. O soro é aplicado de forma intravenosa, ou seja, é inserido na veia em uma única aplicação. Além disso, o paciente deve permanecer no hospital por um dia, após receber o medicamento.
Na Fase 1, a ideia é entender a segurança do produto e definição de dose. Para isso, o estudo vai envolver 30 pessoas que passaram por transplante de rim do Hospital do Rim (etapa A). Também serão considerados 30 pacientes oncológicos do Hospital das Clínicas, com câncer de órgão sólido (etapa B).
Agora, na fase 2, participarão 558 pessoas, entre transplantados de órgãos sólidos e pacientes oncológicos. Vale destacar que não haverá grupo placebo e todos farão uso da terapia imunossupressora (etapa C).
Vale explicar que este soro foi produzido a partir da inoculação do coronavírus inativo em cavalos. Com a invasão do agente infeccioso, o corpo do animal reage ao microrganismo e produz anticorpos para combater a infecção da covid-19. Em seguida, o sangue (plasma) dos equinos é coletado e os anticorpos produzidos são isolados e processados, compondo uma espécie de medicamento.
Fonte: Instituto Butantan