Brasil ocupa antepenúltimo lugar em ranking mundial sobre saúde mental
Por Fidel Forato | Editado por Luciana Zaramela | 04 de Março de 2023 às 13h30
A saúde mental da população não vai bem no Brasil, segundo relatório da organização de pesquisa Sapien Labs, divulgado na última quarta-feira (1). Entre as 64 nações analisadas, o país ocupa o antepenúltimo lugar. Atrás dos brasileiros, estão os sul-africanos e os britânicos.
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De forma geral, as descobertas apenas reforçam os que os analistas têm percebido nos últimos anos: o nível geral de saúde mental piorou desde a pandemia da covid-19 e se mantém em níveis mais baixos desde então, em um movimento que é bem maior que o caso brasileiro. Em especial, o relatório destaca a piora ainda mais acelerada da saúde mental entre os jovens adultos.
Vale explicar que o relatório The Mental State of the World Report é uma publicação anual do Mental Health Million Project, coordenado pela Sapiens Labs. Durante a fase de pesquisa para a edição referente ao ano de 2022, os cientistas entrevistaram mais de 407 mil pessoas.
Onde está o Brasil no ranking sobre saúde mental?
Para medir o nível de bem-estar entre as pessoas nos mais diversos países, os pesquisadores usam o Quociente de Saúde Mental (MHQ), uma métrica construída a partir dos fatos autorrelatados nas entrevistas e outras variantes. Em primeiro lugar está a Tânzania, país da África Oriental, com um MHQ de 93,6.
Em seguida, o ranking é dominado por países da América Latina, mas apenas aqueles que "hablan" espanhol, como Panamá (MHQ de 88,2), Porto Rico (88), República Dominicana (87,2) e Venezuela (85,8). Agora, na lanterninha do ranking que busca medir o nível de saúde mental no globo estão, em ordem decrescente:
- Irlanda: MHQ de 56;
- Austrália: 54,4;
- Brasil: 52,9;
- África do Sul: 47,5;
- Reino Unido: 46,2.
"Irlanda, Austrália, Brasil, África do Sul e Reino Unido têm a maior proporção de entrevistados que estão angustiados ou com dificuldades, variando de 30 a 36%. Em comparação com 2021, a maioria dos 34 países repetidos [que particparam da edição anterior] permaneceu com a mesma porcentagem ou mudou marginalmente 2% ou menos em ambas as direções", detalham os autores do relatório.
Confira o ranking global com mais de 60 países
A seguir, confira o ranking completo com 64 países, desenvolvido pelos pesquisadores da organização Sapien Labs:
Mudanças no comportamento do pós-pandemia
Além da média geral dos países, os cientistas da organização buscam identificar tendências no comportamento humano global. Entre elas, o maior destaque é o nível baixo de saúde mental entre os mais jovens. Isso pode ser associado com a menor conexão com as famílias — estes adultos têm 3 vezes mais chances de não se darem bem com os familiares.
“O desgaste das relações familiares adultas pode ter sua origem na mudança da experiência da infância. A porcentagem que relata ter crescido em lares estáveis e amorosos caiu três vezes das gerações mais velhas para as mais jovens, embora tenha aumentado o conforto material e os investimentos dos pais em suas realizações", detalham os pesquisadores.
Outro ponto levantado é que as amizades estão se deteriorando. "Embora as gerações mais jovens não relatem ter consistentemente menos amigos íntimos, é menos provável que sejam capazes de confiar em seus amigos ou contar com a ajuda deles quando precisam", acrescentam.
Diante dessas evidências, o relatório reforça que riscos de problemas envolvendo a saúde mental são até 10 vezes mais comuns entre aqueles que não têm familiares ou amigos próximos. Neste ponto, estaratégias para melhorar a satisfação global devem ser adotadas de forma massiva.
Fonte: Sapiens Labs e The Guardian