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Autotestes de covid: tudo o que sabemos sobre eles

Por  • Editado por Luciana Zaramela |  • 

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Rawf8/Envato Elements
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Após liberação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), muito tem se perguntado a respeito dos autotestes de covid no Brasil. Quando serão comercializados? Quanto vão custar? A expectativa é que os primeiros autotestes cheguem ao mercado brasileiro ainda em fevereiro. E na segunda-feira (31), a Agência recebeu o primeiro pedido de registro de um teste de antígeno caseiro.

De acordo com a Anvisa, hoje, já são quatro kits de autotestes para a covid-19 em análise e, por enquanto, nenhum chegou ao mercado. Para os próximos dias, a tendência é que o número de pedidos para a aprovação continue a subir, já que este tipo de exame somente foi autorizado para o combate à pandemia na última sexta-feira (28).

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Para entender como acontece o processo de produção dos primeiros autotestes da covid-19 e adiantar como os testes caseiros vão chegar ao consumidor final, o Canaltech conversou com Daniel Rocha, diretor de Point of Care da Vyttra Diagnósticos. Inclusive, a empresa deve enviar toda a documentação para Anvisa no começo da próxima semana.

Para explicar:Point of Care é a área responsável pela produção de testes rápidos e autotestes. Em outras palavras, são testes que podem ser realizados por profissionais — farmacêuticos, por exemplo — ou pelas próprias pessoas leigas — como os de diabetes e gravidez. No quesito covid-19, os testes para o público geral ainda são inéditos no Brasil.

Quanto vai custar o autoteste?

Os autotestes da covid-19 devem custar entre R$ 50 a R$ 70, de acordo com estimativa de Rocha. Com isso, o valor deve ser "substancialmente mais barato" do que os de testes de covid-19 disponíveis atualmente no mercado.

No entanto, "o preço para o consumidor final vai ser determinado pelas farmácias", que serão as responsáveis pela comercialização do produto, ressalta o especialista. Em outras palavras, alguma variação nas estimativas ainda pode ocorrer.

Independente disso, é consenso que "serão testes mais baratos do que os [testes de antígenos] oferecidos nas farmácias hoje — que estão na medida de R$ 60 a R$ 100", comenta Rocha. Isso porque, no caso do autoteste, o usuário não precisará usar nem a estrutura e nem a equipe da farmácia, já que tudo será feito em casa.

Onde comprar o autoteste da covid?

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Conforme a decisão da Anvisa, apenas farmácias e outros estabelecimentos voltados à venda de produtos de saúde (como casas cirúrgicas) poderão vender os testes caseiros. Por exemplo, está vetada a venda dos testes em sites e em e-commerces que não sejam atrelados a um estabelecimento de saúde. Isso significa que grandes lojas do varejo não devem disputar esse mercado.

Diante desse cenário, Rocha estima que "a maior porcentagem de vendas no Brasil, de fato, deve acontecer nas farmácias e pelo e-commerce das próprias farmácias". As vendas serão semelhantes às de outros autotestes, como o de gravidez ou de HIV.

É igual aos testes de antígenos das farmácias?

Atualmente, as drogarias já vendem testes de antígenos para a covid-19, mas eles são diferentes dos autotestes. “Existem inúmeras adaptações que precisamos fazer para que o produto seja usado pelo público leigo", conta o executivo.

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Por exemplo, a bula será especial, haverá um guia rápido de uso com imagens, novas embalagens e hiperlinks com QR Code para vídeos explicativos. Afinal, o kit do autotestes será manuseado pelo público geral e, em uma parcela significativa de casos, a pessoa nunca realizou um teste do tipo.

Devido a questões educativas, "é até um pouco mais caro produzir o autoteste", comenta. Por outro lado, "em termos de indústria, os produtos são bem parecidos". Afinal, o funcionamento e a leitura dos resultados são iguais.

Qual é o melhor momento para fazer o exame?

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A resposta correta é tanto faz. Isso porque, de acordo com Rocha, "o autoteste é para ser usado tanto por sintomáticos quanto por assintomáticos. Inclusive, temos que colocar na bula desse produto — diferente de outros — qual é a sensibilidade para sintomáticos e assintomáticos".

Essa inexistência de um momento exato se explica pelo fato do autoteste ser uma ferramenta de triagem de casos positivos da covid-19, mas não funciona como um diagnóstico final da infecção. Por isso, a Anvisa explica que não pode ser usado como um atestado médico.

A partir dessas considerações, a pessoa poderá fazer o exame após se encontrar com uma outra que descobriu estar infectada pelo SARS-CoV-2. Nesse caso, a testagem pode ser feita mesmo sem nenhum sintoma, mas idealmente deve ser ocorrer a partir de 24 horas do contato. Um novo teste pode ser feito após 48 horas, principalmente se algum sintoma aparecer.

“Essas primeiras horas são bastante importantes para que a pessoa possa se isolar e quebrar a cadeia de transmissão", afirma o diretor. Essa é a principal função desse novo tipo de exame.

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O que fazer com um resultado positivo?

Em caso de um resultado positivo para covid-19, a pessoa não terá que entrar numa plataforma da empresa responsável pelo autoteste e nem se cadastrar em uma plataforma do Ministério da Saúde, notificando o seu caso. Novamente, o autoteste é apenas uma ferramenta de triagem.

Nesse cenário, Rocha explica que o "nosso papel [como indústria] é informativo”. Isso significa que os kits de autotestes devem trazer informações detalhadas sobre o protocolo a ser seguido em casos positivos. Por exemplo, o indivíduo "deve entrar em contato com o Disque Saúde, do Ministério da Saúde, ou buscar uma unidade de atendimento básica mais próxima para fazer uma confirmação desse resultado e, consequentemente, receber uma conduta de tratamento ou de acompanhamento", conta.

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Como descartar as amostras biológicas?

Para obter o resultado no autoteste, a pessoa precisará coletar amostras potencialmente contaminadas pelo coronavírus. Por isso, é preciso ter um cuidado extra ao descartar as amostras biológicas geradas, evitando contaminar terceiros. Em tese, isso significa que não poderia ser descartado em lixo comum.

“Na composição do nosso produto, onde vai amostra e swab nasal, nós temos substâncias inativadoras do vírus. Depois de 2 minutos que você acabou de fazer o teste, ocorre a inativação desse vírus [caso esteja presente na amostra]", afirma Rocha. "São detergentes e alguns insumos nesse líquido que acompanha o teste que geram essa inativação", detalha o diretor.

Com essa estratégia de inativação, o usuário precisará apenas usar o "saquinho", presente no kit, para colocar os materiais usados, lacrá-lo e descartá-lo no lixo comum. Este é o modelo usado pela Vyttra Diagnósticos, mas Rocha acredita que "a maioria dos fabricantes deve ter produtos que tenham essa inativação, o que agrega uma segurança para lidar com as amostras".

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Vão ajudar no controle da pandemia?

Na visão do diretor, a chegada dos autotestes veio para complementar o leque de ferramentas disponíveis para o combate da pandemia da covid-19. Nesse sentido, o teste caseiro se soma às vacinas, os antivirais, o exame do tipo RT-PCR e os testes de antígeno profissionais. Agora, a pessoa poderá ter um meio de testagem, em sua casa, "para uma emergência qualquer", como o encontro com um amigo ou um colega de trabalho contaminado.

"O grande impacto na pandemia é a possibilidade de poder se autoisolar. Essa é a primeira medida e a mais importante para quebrar a cadeia de transmissão do vírus", completa. Caso seja necessário ir até um centro de saúde, a pessoa poderá ir com os cuidados redobrados, evitando que outras sejam acidentalmente contaminadas.

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Como usar um autoteste?

Para entender melhor como esse exame funciona, o Canaltech publicou um especial explicando o passo a passo do autoteste, ensinando desde a melhor forma de coletar a amostra até a leitura correta do resultado. De acordo com a Anvisa, a sensibilidade mínima deve ser de 80%, mas pode variar entre diferentes marcas.

Vale lembrar que a decisão da Anvisa autorizou apenas a liberação de testes de antígenos caseiros para covid-19. Isso significa que a comercialização de kits para testes de anticorpos ou exames de RT-PCR segue proibida para pessoas que não são profissionais da saúde.

Fonte: Com informações: Anvisa