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Aranha-violinista | Entenda como age o veneno das aranhas do gênero Loxosceles

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Carlito/Pixabay
Carlito/Pixabay

Na Itália, um jovem de 23 anos morreu após ser picado por uma aranha-violinista (ou aranha-violino). Este é o segundo caso do tipo envolvendo uma aranha do gênero Loxosceles durante o verão no país europeu. Para entender a gravidade da situação, vale compreender como age o veneno desse grupo de aracnídeos no organismo humano.

As aranhas do gênero Loxosceles podem ser encontradas em diferentes regiões do mundo, incluindo Europa e Estados Unidos, como a famosa Loxoscelesreclusa. No Brasil, espécies desse gênero também são encontradas e associadas a óbitos, mas são comumente conhecidas como aranha-marrom ou outros nomes.

Inclusive, o Instituto Butantan produz um soro capaz de impedir as complicações envolvendo a picada dessas aranhas e, consequentemente, a morte do indivíduo. Entretanto, é importante que ocorra o tratamento imediato com o composto.

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Veneno da aranha do gênero Loxosceles 

Apesar do corpo medir menos de 1 cm, a aranha-violino (identificável por uma mancha no formato do instrumento no corpo) produz um veneno mortal, quando não há tratamento. De forma científica, o quadro de envenenamento (araneísmo) causado pelas aranhas dos gênero Loxosceles é chamado de loxoscelismo.

"O veneno de Loxoscelesreclusa é complexo e contém múltiplas enzimas [nocivas]”, explica Gary W. Everson, pesquisador do Children's Hospital Central California (EUA), em artigo para a Encyclopedia of Toxicology. Entre as enzimas, estão: fosfatase alcalina, hialuronidase, esterase e esfingomielinase

Quando entram no organismo da vítima, “os componentes do veneno causam coagulação do sangue e, finalmente, a oclusão [“fechamento”] de pequenos vasos sanguíneos no local da picada. Isso leva à necrose local da pele e do tecido devido à isquemia [fluxo sanguíneo e de oxigênio inadequado]”, detalha o pesquisador Everson.

"A necrose do tecido local se expande à medida que a isquemia do tecido se espalha do local inicial da picada”, complementa o especialista. Sem o tratamento adequado, o quadro se agrava, podendo ocasionar insuficiência renal, falência múltipla de órgãos e até a morte, como ocorreu com o jovem italiano de 23 anos. 

Existe tratamento para a picada da aranha?

Para tratar o quadro de envenenamento, a indicação é usar o soro antiaracnídico, que é produzido pelo Instituto Butantan, no Brasil. A formulação é indicada para picadas de aranhas do gênero Loxosceles.

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Se aplicado em até 48 horas, o composto ajuda a prevenir a necrose cutânea, reduzindo os danos causados pelo veneno. Ainda há benefícios quando a aplicação é feita 60 horas depois, mas em menor grau.

Para saber se o indivíduo foi picado pela aranha, é possível fazer um exame de sangue para avaliar a ocorrência de hemólise, ou seja, a “quebra” de hemácias do sangue. Este é um dos efeitos do veneno no organismo.

Aranha-violinista ou aranha-violino no Brasil?

No Brasil, existem 19 espécies de aranha do gênero Loxosceles, sendo conhecidas pelo nome genérico de aranha-marrom (não é comum usar a expressão aranha-violino ou aranha-violinista). É o caso da Loxosceles intermedia (aranha-reclusa-brasileira), encontrada no estado Paraná.

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A maioria dessas espécies não é classificada como agressiva. Isso significa que tendem a picar apenas quando se sentem ameaçadas. No entanto, as interações com humanos podem ser perigosas para a saúde. 

Entre os anos de 2017 a 2021, o Ministério da Saúde contabilizou 92 óbitos oficiais causados após picadas de aranha no Brasil. Destes, 37 foram causados por espécies do grupo da aranha-marrom, segundo Boletim Epidemiológico.

"Dentre as aranhas de interesse em saúde, as aranhas Loxosceles permanecem como o gênero que mais causa acidentes e óbitos. Acidentes com estas aranhas apresentaram maior risco de evolução a óbito, em comparação aos acidentes com as demais aranhas (armadeira [gênero Phoneutria] e viúva-negra [Latrodectus])”, afirma o documento.

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Fonte: Encyclopedia of Toxicology, Ministério da Saúde, Instituto Butantan