Antidepressivos retardam desenvolvimento do câncer em roedores
Por Nathan Vieira | Editado por Luciana Zaramela | 29 de Setembro de 2021 às 13h40
Um novo estudo da Universidade de Zurique (Suíça) percebeu uma capacidade curiosa presente nos antidepressivos: retardar o desenvolvimento do câncer de pâncreas e cólon. Quando combinados com a imunoterapia, os antidepressivos chegaram até mesmo a interromper o crescimento do câncer a longo prazo. A pesquisa em questão foi conduzida com camundongos, mas a ideia é levar esse estudo para os humanos também.
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Em alguns casos, os tumores desapareceram completamente, observaram os pesquisadores. “Os medicamentos já aprovados para uso clínico como antidepressivos podem ajudar a melhorar o tratamento de cânceres pancreáticos e colorretais até então incuráveis”, afirmam os autores do estudo.
Embora novos tratamentos eficazes estejam disponíveis, a maioria dos pacientes com tumores abdominais em estágio avançado, como câncer de cólon ou pâncreas, morre poucos anos ou mesmo semanas após o diagnóstico. Um problema é que as células tumorais se tornam resistentes aos medicamentos com o tempo e não são mais reconhecidas pelo sistema imunológico. Com isso em mente, os pesquisadores descobriram uma atuação da serotonina (neurotransmissor bloqueado pelo antidepressivo) justamente nessa resistência de células tumorais.
As células do câncer usam a serotonina para aumentar a produção de uma molécula imunoinibidora. Essa molécula se liga às células T, um tipo específico de célula imune que reconhece e elimina células tumorais e as torna disfuncionais. Assim, o câncer evita ser destruído pelo sistema imunológico. No experimentos, os pesquisadores mostraram que os antidepressivos impedem esse mecanismo.
“Essa classe de antidepressivos e outros bloqueadores da serotonina fazem com que as células do sistema imunológico reconheçam e eliminem de forma eficiente as células tumorais. Isso desacelerou o crescimento dos cânceres”, reiteram os autores do artigo. O estudo completo pode ser acessado aqui.
Fonte: Futurity