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Antidepressivos descartados na água alteram o comportamento de animais aquáticos

Por| Editado por Luciana Zaramela | 28 de Junho de 2021 às 11h30

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BARBARA808/Pixabay
BARBARA808/Pixabay

O descarte de medicamentos pode prejudicar a vida de animais aquáticos, de acordo com um estudo realizado por cientistas da Universidade da Flórida. Além dos remédios que são jogados no vaso sanitário por estarem vencidos, a urina humana pode contar com ingredientes nocivos, que acabam entrando em mares e rios.

Essas substâncias estão presentes, principalmente, em opioides, e também na cocaína. Uma vez no organismo de animais aquáticos, eles podem ter problemas de concepção, afetando a natalidade. Até então, não haviam grandes estudos que abordassem as consequências do descarte de medicamentos e da liberação dos componentes através da nossa urina.

Experimento artificial

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A pesquisa dá destaque ao antidepressivo citalopram, de uso bastante comum, que quando nas águas pode alterar o comportamento dos lagostins que irão absorver as substâncias. A.J. Reisinger, professor assistente do Departamento de Ciências do Solo e da Água da Universidade da Flórida, analisou com sua equipe as águas do Cary Institute of Ecosystem Studies no ano de 2017, coletando insetos, pedras, folhas e lagostins que ficaram em riachos artificiais.

Os pesquisadores escolheram o lagostim por ser uma criatura capaz de se alimentar de tudo o que consegue pegar, como insetos, algas, folhas e até peixes pequenos. Em um dos ambientes artificiais, divididos em quatro, um deles contava apenas com água mas não com o citalopram e nem com lagostim. No segundo, haviam os animais, mas não o medicamento antidepressivo. No terceiro, havia apenas o remédio em concentrações encontradas na natureza, e no quarto, havia tanto o remédio quanto o lagostim.

A permanência nos riachos durou duas semanas, e então os lagostins foram removidos em colocados em novos tanques. Com uma espécie de labirinto no meio de cada tanque, os animais precisavam passar por eles para chegar até uma substância com cheiro de peixe e que imita alimento, ou até outro lagostim, saindo de uma pequena toca na extremidade.

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Aqueles que foram expostos ao citalopram deixaram a toca mais rápido, mas demoraram mais tempo para se mover em direção do alimento em comparação com aqueles que não tiveram contato com o medicamento. Quando o que estava na outra ponta era outro lagostim, eles não manifestaram interesse.

Para Reisinger, isso significa que os lagostins que tiveram contato com a droga são mais ousados. "É mais provável que deixem seu abrigo em busca de um ambiente real", conta. O cientista conta que o lagostim de comportamento mais ousado foi aquele exposto ao antidepressivo, e que se o experimento tivesse durado mais de duas semanas o efeito nos riachos seria diferente.

Diferentes medicamentos

Além do citalopram, outro medicamento já foi testado com a mesma finalidade em outro estudo. Alex Ford, professor de biologia da Universidade de Portsmouth, no Reino Unido, analisou os efeitos do também antidepressivo Prozac (fluoxetina) nas águas, mas dessa vez nos camarões. Como resultado, sua equipe descobriu que o medicamento tornava os animais mais ativos e audaciosos.

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Em entrevista, Ford revelou que é possível que os camarões e diferentes outras espécies aquáticas se intoxiquem com medicamentos psicoativos medicinais ou recreativos nas águas. Junto a 30 outros cientistas, Ford criou um relatório para sugerir aos órgãos reguladores que sejam consideradas quaisquer mudanças nos comportamentos de criaturas aquáticas antes de liberar o uso de um novo produto químico.

O estudo com o lagostim pode ser conferido aqui.

Fonte: Ars Technica