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Antibióticos poderosos podem surgir das bactérias do nosso intestino

Por  • Editado por Luciana Zaramela | 

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Adrian Lange/Unsplash
Adrian Lange/Unsplash

Nos EUA, pesquisadores da Universidade da Pensilvânia (UPeen) e Universidade Stanford buscam encontrar um potencial antibiótico contra as superbactérias no intestino humano. Apoiada pelo uso da Inteligência Artificial (IA), a proposta inusitada já dá indicadores de que pode ser bem-sucedida, como indica estudo publicado na revista Cell.

A equipe de pesquisa analisou o microbioma intestinal (incluindo as bactérias que vivem no intestino) e os produtos gerados por esses organismos em 1,7 mil pessoas. Desse material, foi possível identificar 444 mil peptídeos (cadeias curtas de aminoácidos), com potencial antibiótico. 

Em seguida, foram selecionados os 78 candidatos mais promissores para os testes em laboratório. Cerca de 70% dos peptídeos “finalistas” demonstraram capacidade de combater bactérias, nos testes in vitro.

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Entre os compostos mais promissores, está a prevotelina-2, com capacidade de destruir bactérias que se igualaram ao do antibiótico polimixina B (prescrito para combater infecções bacterianas resistentes). Ainda não há previsão de testes clínicos (com humanos) do possível remédio.

Mineração de dados e IA

Durante a pesquisa, os cientistas recorreram ao processo de mineração de dados. A IA “lia” a estrutura dos peptídeos e, com base em um conjunto de antibióticos conhecidos, previa quais sequências podiam ter propriedades antimicrobianas.

“Isso sugere que minerar o microbioma humano em busca de novas e empolgantes classes de peptídeos antimicrobianos é um caminho promissor para pesquisadores e médicos, e principalmente para pacientes”, afirma Ami S. Bhatt, professor de Stanford e autor do estudo, em nota.

Evolução das bactérias no intestino

A recente pesquisa sobre novos antibióticos se baseou na hipótese de que os 100 trilhões de micróbios, incluindo bactérias, que vivem no intestino humano estão em constante disputa, por recursos, alimentos e espaço. Nesse ambiente de tanta competição, a evolução e o desenvolvimento de novas ferramentas ocorrem em ritmo muito acelerado.

"É um ambiente muito hostil", explica César de la Fuente, professor assistente da UPenn e outro autor do estudo. "Você tem todas essas bactérias coexistindo, mas também lutando entre si. Tal ambiente pode fomentar a inovação”, acrescenta.

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Com os resultados, a aposta demonstrou estar certa e novos remédios poderão, no futuro, ter como origem o próprio organismo humano.

Fonte: Cell, Universidade da Pensilvânia