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Ansiedade provocada por smartwatch leva idosa a fazer 916 exames em um ano

Por| Editado por Luciana Zaramela | 24 de Agosto de 2021 às 09h50

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Reprodução/Simon Daoudi (Unsplash)
Reprodução/Simon Daoudi (Unsplash)

A tecnologia dos relógios inteligentes permite que o usuário tenha não só um aparelho moderno com funções de entretenimento e para a prática de atividades físicas. Com ele, é possível também que pessoas com alguns problemas cardíacos façam o monitoramento da sua condição.

Mas em um caso recente, que aconteceu nos Estados Unidos, uma idosa acabou fazendo várias visitas ao hospital por causa das funções do seu smartwatch. A mulher, de 70 anos, descobriu há um ano que sofre de fibrilação atrial, uma doença do coração que deixa os batimentos cardíacos irregulares. Mesmo sem sintomas, a paciente se mostrava a cada vez mais preocupada com a doença em si e com as notificações do seu relógio. Então, durante o período de 12 meses, ela fez nada menos do que 916 registros de ECG (eletrocardiograma) no seu dispositivo, motivada por crises de ansiedade.

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O caso foi registrado em um artigo da médica Lindsey Rosman, professora de cardiologia na Universidade da Carolina do Norte. A profissional diz que o que aconteceu com a idosa não é uma novidade. "Pacientes com arritmias subjacentes, palpitações cardíacas ou batimentos cardíacos irregulares estavam indo à clínica com, literalmente, pilhas de papéis com os dados dos seus smartwatches", conta.

Rosman diz ainda que os dispositivos, de fato, são ótimos aliados na educação dos pacientes sobre suas condições, ajudando ainda pesquisadores a obterem mais dados sobre as tendências de saúde. Porém, alguns pacientes podem acabar tendo mais problemas do que benefícios devido ao acesso constante. "Eles podem ter um efeito indesejado para alguns pacientes, que criam e perpetuam essa ansiedade", pontua a médica.

A cardiologista e sua equipe perceberam que muitos pacientes ficavam incomodados com leituras inofensivas dos relógios, como o aumento dos batimentos após a prática de exercícios, por exemplo, ou quando os aparelhos diziam que a leitura era inconsistente e inconclusiva. Quando isso acontecia, as pessoas entendiam que estavam em perigo, explorando os dados a cada vez mais. No caso da paciente de 70 anos, o uso do recurso ECG aumentava toda vez que ela recebia uma notificação nova, o que a levou a fazer 12 visitas a uma clínica de saúde.

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Esse excesso de leitura do recurso acaba provocando conflito entre médico e paciente, uma vez que o especialista pode não ver necessidade de mudança no tratamento. Além disso, Rosman diz que as crises de ansiedade podem começar a aparecer com base em outros dados de saúde dos aparelhos, não só com a frequência cardíaca. Esse monitoramento também pode ser feito com o nível de oxigênio no sangue, o que vem sendo comum com a pandemia da COVID-19, e de respiração.

Os médicos ainda não sabem dizer quantos pacientes já passaram por esse tipo de ansiedade e quais são os riscos que ela pode causar, afetando ainda mais a saúde e a qualidade de vida. Os profissionais pontuaram que os riscos de desenvolver ansiedade com o uso de um relógio inteligente não ultrapassam os benefícios dos dispositivos.

Ainda assim, tanto médicos como empresas de saúde e fabricantes precisam se unir para entender o que está acontecendo e desenvolver uma forma mais eficaz de educar o paciente. O artigo sobre a ansiedade da idosa provocada pelo smartwatch está disponível para consulta online.

Fonte: The Verge