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Meditação reduz riscos de doenças cardiovasculares, sugere estudo

Por| 31 de Julho de 2020 às 12h20

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 Erik Brolin/Unsplash
Erik Brolin/Unsplash

Na última quarta-feira (29), foi publicado um novo estudo norte-americano apontando que a meditação pode estar ligada a um menor risco de doença cardiovascular. Os pesquisadores usaram dados de uma pesquisa nacional realizada anualmente pelos Centros de Controle e Prevenção de Doenças, identificando todos os pacientes com colesterol alto, hipertensão, diabetes, derrame e doença arterial coronariana e todos os que relataram que meditavam. Das 61.267 pessoas na pesquisa, 5.851 participaram de alguma forma de meditação.

Depois de controlar a idade, sexo, IMC, estado civil, tabagismo, duração do sono e depressão, os pesquisadores por trás desse estudo descobriram que meditar estava associado a um risco 35% menor de colesterol alto, risco 14% menor de pressão alta, risco 30% menor de diabetes, um risco 24% menor de derrame e 49% menor risco de doença arterial coronariana.

"A meditação pode ser considerada um complemento às intervenções de redução de risco cardiovascular orientadas por diretrizes. A meditação pode potencialmente aumentar o relaxamento físico e mental, levando a melhores resultados após um grande evento cardiovascular. Nossa hipótese foi de que a meditação está associada a um menor risco de risco cardiovascular na população geral dos EUA", aponta o estudo.

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O principal autor do estudo, Dr. Chayakrit Krittanawong, da Faculdade de Medicina Baylor, alega que a redução no estresse que a meditação pode proporcionar poderia explicar pelo menos parcialmente o resultado. Mas ele alerta que o estudo é apenas uma observação e que ensaios clínicos seriam necessários. O especialista ainda acrescenta que o estudo não fazia distinção entre os muitos tipos diferentes de meditação.

"Usando um grande banco de dados nacional, descobrimos que a meditação está provavelmente associada a uma menor prevalência de riscos cardiovasculares, mas o consumo de álcool, atividades físicas moderadas e exercícios podem ser fatores de confusão ou caminhos causais", o estudo ainda acrescenta.

Meditação x Coração

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Tendo esse estudo em mente, a equipe do Canaltech conversou com Marcelo Sampaio, cardiologista da BP - A Beneficência Portuguesa de São Paulo. Ele afirma que já existem numerosos estudos mostrando que a meditação e doenças cardiovasculares têm uma interação positiva no sentido de controlá-las e também de preveni-las, principalmente porque ela diminui o risco e o grau do curso evolutivo dessas doenças, uma vez que elas já estejam instaladas.

"As doenças têm um curso mais benigno, com menos hospitalizações e menos complicações. Além do mais, estudos muito interessantes mostram que ela atua nos fatores de risco que podem gerar doenças cardíacas. Ou seja, desde o tratamento em si, ela pode ser benéfica, bem como na prevenção das doenças cardíacas. Mas lembrando que a meditação é um método auxiliar. Não pode substituir métodos convencionais como os medicamentos, o cateterismo, as cirurgias, etc, mas sim atuar em conjunto, associada a esses métodos, os resultados são muito benéficos", explica o especialista.

Questionado sobre outras atividades que tenham efeitos positivos em relação aos cuidados com o coração, o cardiologista recomenda a dieta saudável, a prática diária de atividade física, como caminhada, e o controle do estresse. "Nesse sentido existem medidas muito importantes que podem ser adotadas, mas eu chamaria atenção para os hobbies, algo que a pessoa goste de fazer ou praticar, que podem servir como canalizadores de estresse e controlá-los. Visitas regulares ao cardiologista são fundamentais para se manter a saúde do nosso coração em dia", orienta.

No entanto, para obter um resultado positivo, o segredo está em fazer as atividades com frequência: "A repetição, o hábito, é que geram a formação de substâncias protetoras ao coração com a redução das substâncias maléficas. Se você faz isso de maneira esporádica ou intermitente, você não terá esse tipo de benefício. Então é preciso criar um vínculo com essas atividades para que possam surgir os benefícios", diz Marcelo. Com isso, o cardiologista também ressalta que os benefícios não são imediatos, e vão começar em semanas a partir da adoção desse hábito benéfico.

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Nessa época de coronavírus, Marcelo diz que é fundamental buscar atividades que mantenham numa estabilidade psico-emocional, num equilíbrio e numa sintonia do corpo com o meio ambiente. "A maior parte das pessoas estiveram ou estão isoladas, em quarentena, e o isolamento é um grande mecanismo de estresse. Isso já está comprovado. Todas as pessoas que ficam confinadas acabam estressadas. O confinamento também gera deficiência cognitiva e atividades que acalmam podem prevenir essas deficiências".

E o psicológico?

Além do impacto cardiovascular, a meditação também tem potencial para impactar o psicólogo das pessoas que a praticam. De acordo com Roseli Chieco, psicóloga da BP, o efeito da meditação nessa área é positivo. "A prática de atenção plena não só previne quadros como depressão como afeta positivamente os padrões cerebrais. Existem efeitos de melhoria em aspectos como memória, criatividade, agilidade nas reações e reações mais coerentes de maneira geral", aponta.

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A psicóloga ainda acrescenta: "Naturalizar a atenção plena faz com que a gente saia de um padrão automático de respostas e que a gente deixe de reagir às demandas, para que a gente possa agir em cada uma delas. Nessa época de COVID-19, conseguir manter essas atividades permite que a gente identifique gatilhos potenciadores de estresse, ansiedade, raiva, para poder dimensionar a ração a esses gatilhos". Assim como o cardiologista, Roseli também bate na tecla dos hobbies, e ressalta que atividades que geram prazer devem ser praticadas.

De acordo com a psicóloga, ao contrário do que se pensa, a meditação, quando a gente enxerga um cérebro numa ressonância, quando a pessoa está meditando, ela não está relaxando. "É uma prática mental intensa. É importante frisar. O cérebro está mais ativo, mais concentrado, e é modificado pelas experiências. O cérebro não só reage ao meio, o meio também o modifica", aponta. Roseli ainda conclui que a prática da meditação funciona como um antídoto contra o envelhecimento cognitivo. "A gente já consegue dizer que pessoas que praticam meditação têm uma massa cinzenta mais preservada, mantém o hipocampo íntegro, prevenindo demências, por exemplo".

Fonte: Com informações de American Journal of Cardiology via The New York Times