99% das garrafas de água mineral contêm químicos eternos
Por Fidel Forato • Editado por Luciana Zaramela |

O consumo de água mineral engarrafada, em embalagens de plástico PET ou de vidro, costuma ser uma boa pedida, quando saímos de casa sem uma garrafinha retornável. No entanto, uma equipe internacional de cientistas, incluindo membros da Universidade de Birmingham (Inglaterra), descobriu a presença de produtos químicos eternos, também conhecidos como substâncias per e polifluoroalquílicas (PFAS), em praticamente todas as amostras analisadas. Não foram analisadas amostras vindas do Brasil.
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O estudo publicado na revista ACS ES&T Water também analisou a água da torneira, de cidades no Reino Unido e na China, e novamente encontrou os químicos eternos na maioria das amostras. As duas descobertas apenas confirmam a presença cada vez maior desses componentes no meio ambiente e em nossas vidas.
Apesar dos achados, "a exposição humana estimada desses PFAS, por meio de água potável, não parece ser um risco grave à saúde humana [nos níveis identificados]", afirmam os autores, com base nos conhecimentos atuais. Entretanto, o entendimento pode mudar, quando estão em jogo altas doses ou quando esses químicos eternos se acumulam no organismo. Há dados até sobre os efeitos no sono. Por isso, é recomendado filtrar a água ou fervê-la antes do consumo.
O que são? Os químicos eternos são substâncias usadas pela indústria na produção de alguns itens, como o material antiaderente de frigideiras e roupas impermeáveis. Conforme "desgastam", são liberadas para o meio ambiente e contaminam diferentes locais, incluindo a floresta amazônica. O apelido de "eternos" está relacionado ao difícil processo de recuperação. |
Químicos eternos na água de garrafa
No estudo, a equipe de cientistas analisou 112 amostras de água engarrafada, todas vendidas em mercados no Reino Unido ou na China. Estas garrafas tinham algumas variações:
- 88 das garrafas eram de plástico, enquanto 24 eram de vidro;
- 89 das águas eram sem gás, sendo apenas 23 gaseificadas.
Além disso, a garrafinha de água poderia ter sido obtida a partir de uma fonte originária de 15 países diferentes, localizados Ásia, Europa, América do Norte e Oceania. Neste caso, amostras de água brasileira não foram consideradas.
Segundo os autores, "o ácido perfluorooctanoico (PFOA) e o sulfonato de perfluorooctano (PFOS) foram os [químicos eternos] mais frequentemente detectados (>99%) e dominaram na água engarrafada global, com outros PFAS também altamente detectados (67%–93%)".
E a água da torneira?
Como já adiantamos, a outra parte do estudo se dedicou à análise da água da torneira em cidades distantes geograficamente, como Birmingham (Reino Unido) e Shenzhen (China).
Novamente, a presença dos químicos eternos é quase onipresente, mas os níveis oscilavam bastante. A água britânica costumava apresentar níveis mais baixos que a chinesa, por exemplo.
Como evitar os químicos eternos na água?
“Nossas descobertas destacam a presença generalizada de PFAS na água potável e a eficácia de métodos simples de tratamento para reduzir seus níveis", explica Stuart Harrad, professor da Universidade de Birmingham e coautor do estudo, em nota.
Apesar dos achados, a boa notícia é que "a fervura e a filtragem de carvão ativado podem reduzir substancialmente (50%–90%) as concentrações de PFAS na água", destacam os pesquisadores.
O estudo também ressalta a importância de novos protocolos de acompanhamento e monitoramento desses químicos eternos na água potável, buscando impedir consumos nocivos para a saúde.
Fonte: Universidade de Birmingham