6 motivos que impedem o fim da pandemia da covid-19, segundo a OMS
Por Fidel Forato • Editado por Luciana Zaramela |
A covid-19 continua a ser classificada como uma Emergência de Saúde Pública de Interesse Internacional (Pheic) e o mundo ainda enfrenta uma pandemia, segundo definições da Organização Mundial da Saúde (OMS). Basicamente, a situação em relação ao coronavírus SARS-CoV-2 continua a mesma, com sinais evidentes de melhora. Hoje, o globo vive um momento de "transição", mas existem pelo menos seis motivos de preocupação.
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Após a reunião do comitê de especialistas na última sexta-feira (27), existia a possibilidade da pandemia da covid-19 ser, finalmente, encerrada, após quase três anos do seu anúncio. No entanto, o diretor-geral da OMS, Tedros Ghebreyeus, confirma, nesta segunda-feira (30), que o vírus segue sendo uma ameaça global.
Desafios para o final da pandemia da covid-19
Para justificar a manutenção do status de pandemia e o risco à saúde global que o vírus representa, a OMS destaca seis principais pontos que devem ser trabalhados pelos governos de todo o mundo:
1. Mortalidade da covid-19
A mortalidade ainda está elevada, quando comparada com a de outras doenças respiratórias. Nas últimas oito semanas, mais de 170 mil mortes foram registradas. Por outro lado, "o mundo está em uma melhor posição do que estava durante o pico da transmissão da Ômicron no ano passado", confirma a OMS, em comunicado.
2. Redução na capacidade de vigilância
A vigilância e o sequenciamento genético diminuíram globalmente, dificultando o rastreamento de variantes conhecidas e da detecção de novas, especialmente das descendentes da Ômicron. Neste ponto, o comitê reconhece existir "uma dissociação entre infecção e doença grave em comparação com variantes anteriores", só que "o vírus mantém a capacidade de evoluir para novas variantes com características imprevisíveis" e, por isso, precisa ser acompanhado.
3. Surgimento de novos vírus e sistemas de saúde no limite
A covid-19 não é mais a única ameça, e disputa espaço no atendimento já ocorre com pacientes que apresentam influenza (gripe) e vírus sincicial respiratório (VSR). Além disso, os sistemas estão no limite, com escassez de profissionais e muitos médicos e enfermeiros vivem situação de exaustão.
4. Fake news e falta de vacinação
"A hesitação em vacinar e a disseminação contínua de desinformação continuam a ser obstáculos extras para a implementação de intervenções cruciais de saúde pública", afirma a OMS. Apesar disso, o grupo destaca que os imunizantes disponíveis continuam a proteger contra formas graves da doença.
5. Remédios contra a covid-19 são inacessíveis
Embora a ciência tenha avançado bastante no combate à covid-19 nos últimos anos, os antivirais da covid-19 e as terapias mais modernas estão restritos a poucos grupos privilegiados no globo — por exemplo, no Brasil, remédios específicos contra a doença custam mais de quatro mil reais. Esta situação deve ser contornada para que a mortalidade comece a cair.
6. Covid longa e a ameça contínua
Por fim, a OMS destaca o risco da covid longa e ameça constante e duradoura aos sistemas de saúde de todo o mundo. "As sequelas sistêmicas de longo prazo da covid longa e o risco elevado de doença cardiovascular e metabólica pós-infecção, provavelmente, terão um sério impacto negativo e contínuo na população, e o atendimento para esses pacientes são limitados ou não estão disponíveis em muitos países", completa.
Quando a pandemia da covid-19 vai acabar?
Controlar estes seis alvos de preocupação da OMS parece ser um desafio inalcançável, mas os especialistas acreditam que isso não é verdade. Afinal, o objetivo não é extinguir o vírus da covid-19, mas, sim, controlar o agente infeccioso a tal ponto que não cause mais danos severos.
"Embora a eliminação desse vírus de reservatórios humanos e animais seja altamente improvável, a mitigação de seu impacto devastador na morbidade e mortalidade é alcançável e deve continuar a ser uma meta prioritária", ressalta a OMS.
Agora, a próxima reunião do grupo de especialistas — quando o tão esperado fim da pandemia pode ser oficializado — deve ocorrer entre o final de março e abril deste ano, mas ainda não tem uma data oficial. Antes de qualquer previsão, no entanto, será necessário aguardar os rumos do vírus e de suas mutações.
Fonte: OMS