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Instagram prejudica os jovens? 4 pesquisas põem rede social na mira

Por| Editado por Douglas Ciriaco | 09 de Novembro de 2021 às 17h28

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Tudo sobre Instagram

Nos últimos meses, a Meta (antigo Facebook Inc.) passa por uma das maiores crises da sua história em razão de vários fatores acumulados: nova política de privacidade da Apple (que reduziu a arrecadação com anúncios), o fim do reinado com a forte concorrência do TikTok e a série de materiais vazados sobre pesquisas internas que revelavam o impacto nocivo do Instagram sobre adolescentes.

Além do levantamento já mencionado, e citado com mais detalhes abaixo, há outras pesquisas pelo mundo que revelam como o Instagram e outras redes sociais podem influenciar o desenvolvimento emocional e psicológico dos adolescentes. O Canaltech selecionou algumas das mais relevantes para as pessoas, especialmente os pais e responsáveis, entenderem melhor como isso ocorre e quais as consequências para a futura geração.

1. Impacto na imagem de adolescentes

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No começo de setembro de 2021, o Wall Street Journal publicou reportagem sobre uma pesquisa interna do Facebook que tratava do potencial nocivo do Instagram sobre a mente de adolescentes. O levantamento conduzido pela própria companhia revelou, entre outros dados, que entre as adolescentes que reportaram se sentirem mal com seu corpo, uma em cada três disseram que a rede social comandada por Adam Mosseri piorava esse sentimento..

Na época, o Facebook decidiu se posicionar oficialmente sobre o assunto de modo categórico e argumentou que o veículo teria "entendido mal" não apenas o propósito do levantamento, mas também os resultados encontrados. A matéria obviamente assustou as pessoas e levantou preocupações acerca do compartilhamento de fotos e vídeos, o que levou os legisladores dos Estados Unidos a pressionarem o maior conglomerado de redes sociais do mundo por respostas.

O vice-presidente e head de pesquisa do Facebook, Pratiti Raychoudhury, publicou um longo texto no qual esclareceu a pesquisa e buscou contestar, ponto a ponto, a reportagem. De acordo com Raychoudhury, o estudo revela também os benefícios do uso do Instagram: "A pesquisa demonstrou que muitos adolescentes sentiram que usar o Instagram os ajudam quando estão lutando contra momentos difíceis e problemas que enfrentaram sempre".

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Segundo Raychoudhury, a pesquisa não mediu relações causais entre o Instagram e problemas do mundo real. "Esses documentos também foram criados para e usados por pessoas que entenderam as limitações da pesquisa, motivo pelo qual elas ocasionalmente usam linguagem simplificada, especialmente nos títulos, e não fazem ressalvas em cada slide", justificou.

O jornal liberou todos os seus documentos usados para embasar a reportagem. São eles:

2. Aumento de depressão e tendências suicidas

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Em uma audiência realizada em março de 2021, a deputada estadunidense Cathy McMorris Rodgers fez um alerta para a relação entre as redes sociais e o aumento da depressão e suicídio entre adolescentes. Nos Estados Unidos, as taxas de depressão em adolescentes aumentaram em mais de 60% de 2011 a 2018, enquanto as internações em pronto-socorro por automutilação entre meninas de 10 a 14 anos triplicaram de 2009 a 2015.

A pesquisa foi conduzida pelo CDC National Youth Risk Behavior Surveys, uma agência do Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos Estados Unidos. Em todos os cenários expostos há um claro aumento na incidência de questões graves de saúde pública no comportamento da população jovem. Conforme relatado no estudo, em 2019, cerca de 16% dos alunos do ensino médio — a maioria do sexo feminino — foram intimidados eletronicamente por meio de mensagens de texto, Instagram, Facebook ou outra rede social.

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Na ocasião, a deputada colocou contra a parede três grandes nomes do setor tecnológico mundial: CEO do Facebook, Mark Zuckerberg; o CEO do Twitter, Jack Dorsey; e o CEO do Google, Sundar Pichai. O mandatário do Facebook, que também é proprietário do Instagram, contudo, disse não reconhecer nenhuma conexão entre o declínio da saúde mental dos adolescentes e a ascensão das plataformas de mídia social — o que o seu próprio estudo desmentiu posteriormente.

3. Abusos no Reino Unido

Em março de 2019, uma pesquisa mostrou um cenário bastante delicado para os adolescentes do Reino Unido: 55% dos casos de abuso infantil registrados no país tinham o Facebook, Instagram ou alguma plataforma de propriedade da empresa como cenário. O estudo foi produzido pela Sociedade Nacional de Prevenção da Crueldade Contra Crianças (NSPCC, na sigla em inglês) e coletou dados de 18 meses para chegar a conclusão de que as plataformas sociais podem ser usadas como ferramenta para aliciamento e exploração de jovens.

Segundo os dados da organização não governamental, obtidos a partir de informações divulgadas pelas autoridades locais, dos 5.161 crimes registrados, 3.400 envolveram métodos de comunicação online. E, desse total, o Facebook aparece na liderança absoluta, com 1.900 ocorrências envolvendo algum tipo de participação da plataforma ou aplicativos como Instagram, WhatsApp ou o Messenger.

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A NSPCC também apontou que a popularidade das redes sociais está atrelada a um aumento de 50% dos casos de abuso sexual infantil, enquanto houve uma queda no mesmo percentual de fatos ocorridos de forma presencial — apenas 100 ocorrências desse tipo registradas pelas autoridades do Reino Unido.

Em novembro de 2020, a instituição publicou um novo levantamento para revelar como os casos de abusos infantis cresceram em razão do lockdown e do maior acesso dos jovens à internet. Nesse caso, o Instagram foi responsável por 37% dos casos, um aumento considerável quando comparado aos 29%dos três anos anteriores — todos os apps da Meta/Facebook, quando somados, corresponderam a 51% dos casos de abusos envolvendo comunicação digital.

4. Exposição a anúncios com temáticas adultas

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Um estudo do Tech Transparency Project (TTP), organização não governamental voltada para estudos na internet, descobriu ser possível criar publicidade no Facebook — e, consequentemente, no Instagram — direcionada para menores de idade com assuntos relacionados a álcool, relacionamentos, perda de peso, cigarros entre outros temas nocivos aos mais jovens. As regras de conduta da rede proíbem o direcionamento desse tipo de conteúdo para os jovens, mas haveria brechas no sistema de verificação que permitiam a exibição.

O grupo criou seis campanhas pagas na plataforma, cada uma com meia temas como álcool, perda de peso, pílulas, apostas, site de relacionamentos e tabagismo. O TTP restringiu a faixa etária da campanha para entre 13 e 17 anos, nos Estados Unidos, e afirma ter conseguido colocar as campanhas para funcionar — algumas foram aprovadas em cerca de duas horas.

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No anúncio voltado para perda de peso, por exemplo, os pesquisadores conseguiram restringir a exibição para pessoas interessadas em “dietas alimentares” e “perda de peso extrema”, inclusive com referência direta para “dicas de ana” (ana é o termo das redes sociais para anorexia). Já na propaganda sobre remédios, foram usadas referências a Skittles, balas populares nos EUA, com pílulas medicamentosas no plano de fundo e uma clara referência ao uso delas para ficar "chapado".

Bônus: O impacto das selfies na imagem

O termo selfie não existia até que celebridades das redes sociais começaram a utilizá-lo para designar uma foto tirada de si mesmo, com a câmera voltada para a pessoa e usada para registrar um momento relevante. Um levantamento de março de 2020 na Universidade do Arizona, nos Estados Unidos, tratou dos potenciais riscos envolvidos com a prática de adolescentes publicarem suas fotografias em redes sociais.

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O questionário foi aplicado em 278 meninas com idades entre 14 e 17 anos no país, no qual deveriam responderam perguntas sobre a frequência de publicação de selfies, o tempo de edição e o que modificam nas fotos antes de postá-las — se retiram olhos vermelhos, apagam marcas no rosto e pele, ou se tentam parecer mais magras.

Em resumo, o que se descobriu é que as garotas que gastavam mais tempo com ajustes de fotografias eram mais infelizes consigo mesmas do que aquelas que não usavam nenhum tipo de filtro. Os acadêmicos chamaram esse fenômeno de "auto-objetificação", pois são feitas tantas modificações para se chegar à imagem perfeita que o usuário se transforma em um objeto de si mesmo.

Embora a pesquisa não relacione o fato das selfies ao Instagram diretamente, trata-se de uma prática bastante recorrente na plataforma, especialmente pelos mais jovens, por isso vale a menção.

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Bônus 2: Cibersegurança dos jovens

Esta também não é uma pesquisa necessariamente ligada ao Instagram, mas a redes sociais como um todo, e revela porque os pais são temerosos quanto a uma rede social exclusiva para crianças, como era a proposta da "versão kids".

Em 2019, a Kaspersky, empresa especializada sem segurança digital e criadora de um dos mais conhecidos programas antivírus do mundo, divulgou uma pesquisa no qual revelava que 93% dos pais brasileiros temem pela segurança dos filhos. Entre as principais preocupações estariam a privacidade deles, afinal 9 em cada 10 crianças com 7 e 12 anos têm um dispositivo móvel conectado à internet.

Segundo os pais entrevistados, as ciberameaças incluem o acesso a conteúdos impróprios, como sexo ou violência (24%); ficarem viciados na internet (31,7%); e receber mensagens ou conteúdo de anônimos incentivando atividades violentas ou impróprias (15%). Outra preocupação recorrente é com a exposição das crianças nas redes sociais, em muitos casos, feitas pelos próprios responsáveis de modo involuntário — a pesquisa mostrou que 39% dos brasileiros admitem postar fotos de seus filhos com poucas roupas.

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É claro que esse tipo de conteúdo é publicado sem maldade, mas pode ser interpretado de outra maneira por pedófilos e criminosos digitais. Em muitos perfis públicos do Instagram, há publicações que permitem saber com facilidade quais lugares são frequentados pela criança, como fotos com uniforme escolar, hashtags, check-ins e outros dados. Segundo explicou a gerente de marketing da Kaspersky Juliana Mattozinho à época da pesquisa, pessoas mal intencionadas "utilizam de todas as ferramentas para estudar sobre suas vítimas antes de agir e, para pedófilos ou sequestradores, as redes sociais são uma delas".

Ferramentas para combate

Esses são apenas alguns dos estudos publicados recentemente no CT, mas há muitos outros espalhados pela internet com diversos enfoques. Existe bastante controvérsia sobre o assunto, mas, em geral, os psicólogos e especialistas pedem moderação no uso e atenção dos pais.

O Instagram desenvolve ações para evitar a entrada na sua plataforma, mas nem todas surtem o efeito esperado, como a declaração de idade no ato da criação da conta, a qual pode ser superada apenas com a alteração do ano de nascimento. Uma adição recente foi um alerta para pedir ao jovem que descanse, caso esteja há muito tempo na frente do celular ou vidrado em um tema específico. Em julho, a rede trouxe mecanismos para evitar mensagens indesejadas no Direct ou comentários de desconhecidos.

Qual é a sua opinião sobre uso das redes sociais, em especial do Instagram, sobre crianças e adolescentes? Você acredita haver malefícios ou os benefícios são superiores? Deixe sua opinião nos perfis do Canaltech.