20 anos de Facebook | 4 polêmicas que marcaram a rede social
Por Guilherme Haas • Editado por Douglas Ciriaco |
Neste dia 4 de fevereiro, o Facebook completa 20 anos de operação e, mesmo após duas décadas de existência — e muitas polêmicas no caminho —, segue como a maior referência em rede social. A plataforma criada por Mark Zuckerberg e colegas da Universidade Harvard em 2004 alcança mensalmente mais de 3 bilhões de usuários ativos, o que representa 40% da população mundial.
Nesses 20 anos, o Facebook ditou regras e estabeleceu novas formas para as pessoas interagirem e se apresentarem em ambiente online. O sucesso da rede social também modificou os meios de consumo e distribuição de conteúdo — com impacto sobre as áreas de marketing e publicidade digital.
Mas essa história não é feita apenas de resultados exitosos; em algumas ocasiões, a plataforma se viu envolvida em polêmicas e escândalos que colocaram em xeque a reputação da empresa.
4 polêmicas do Facebook
Relembre algumas das maiores polêmicas da rede social de Mark Zuckerberg:
1. Caso Cambridge Analytica
Entre os casos mais escandalosos está o envolvimento do Facebook com a empresa de consultoria Cambridge Analytica. Em 2018, a rede social foi acusada de compartilhar dados de mais de 50 milhões de pessoas — sem o consentimento delas — para uso político.
Essas informações eram coletadas quando as pessoas realizavam um teste de traços de personalidade, chamado “This Is Your Digital Life”, disponibilizado pela consultoria na plataforma. Junto com as respostas do questionário, essa ferramenta reunia dados de curtidas, preferências, mensagens e compartilhamentos nas redes — e não apenas da pessoa que realizou o teste, mas também de seus amigos.
Com esse conjunto de dados, a Cambridge Analytica conseguiu criar perfis psicológicos e determinar que tipo de anúncios seria mais eficaz para, entre outras coisas, influenciar as pessoas a votar em determinado político. Esse sistema foi utilizado pela campanha de Donald Trump nas eleições para a presidência dos Estados Unidos em 2016.
2. Papel do Facebook nas Fake News
As eleições norte-americanas de 2016 também evidenciaram o papel do Facebook na propagação de fake news. O sistema elaborado pela Cambridge Analytica permitiu a criação de notícias falsas com a intenção de manipular a percepção do público sobre candidatos e partidos políticos.
Nessa época ficou famosa a conspiração conhecida como “Pizzagate”, que acusava a democrata Hillary Clinton de comandar uma rede de pedofilia a partir de uma pizzaria em Washington, capital dos Estados Unidos. O Facebook, bem como o WhatsApp (também da Meta), foi o canal preferido dos conspiradores para divulgar essa falácia.
Mas não foi apenas no exterior que as redes sociais propagaram fake news e influenciaram a opinião pública — os usuários no Brasil também foram impactados por notícias que distorciam a realidade do país.
A facilidade de distribuição e a rápida circulação desses materiais, junto com a falta de verificação e a moderação precária dos conteúdos, fazem do Facebook um meio de muita desinformação.
3. Discursos de ódio e violência
A falta de moderação dos conteúdos também gerou polêmica com o Facebook por não agir com eficiência para combater discursos de ódio e a divulgação de materiais que incentivassem violência.
Em um dos episódios mais críticos, investigadores da Organização das Nações Unidas (ONU) afirmaram que a rede social teve um papel crítico na violência em Mianmar contra a minoria muçulmana Rohingya, em especial no ano de 2017.
Segundo a ONU, o Facebook não agiu para combater a disseminação de publicações que incentivavam os ataques na região. O saldo em Mianmar foram dezenas de milhares de mortos e mais de um milhão de refugiados.
4. Bullying e saúde mental
Historicamente, o Facebook enfrenta ainda críticas relacionadas ao bullying online e seus impactos na saúde mental das pessoas, especialmente entre os mais jovens.
A possibilidade de uso das redes sociais de forma anônima ou “protegida” pelo distanciamento físico facilita que pessoas mal-intencionadas realizem comentários negativos sobre os outros e até provoquem situações de intimidação ou exposição indevida.
Além do bullying, o Facebook também tem registro de casos de extorsão e assédio que ameaçam a segurança e o bem-estar dos indivíduos. Situações em que as pessoas têm a privacidade invadida, informações pessoais expostas ou são chantageadas por outros usuários são relatadas com certa frequência na plataforma.
Esses casos podem ter um grande impacto sobre o estado psicológico das vítimas, com o aumento do sentimento de estresse, medo e depressão. No começo deste ano, o CEO Mark Zuckerberg foi convocado a prestar esclarecimento no Senado norte-americano sobre as ações que a empresa realiza para aumentar a proteção dos jovens nas plataformas sociais.
No depoimento, o executivo pediu desculpas às vítimas e aos familiares que sofreram devido à inação da companhia em combater situações de bullying e assédio na rede social.
Regulamentação das redes sociais
Porém, os problemas e polêmicas envolvendo o Facebook continuam, à medida que as ferramentas tecnológicas evoluem e novas formas de uso indevido da plataforma são exploradas pelos usuários.
Enquanto isso, órgãos reguladores buscam estabelecer normas mais justas e criteriosas para a criação de um ambiente mais saudável nas redes sociais. Entre essas ações estão medidas de proteção aos dados pessoas, com recursos que possibilitam um maior controle de privacidade por parte dos usuários.
No Brasil, um projeto de lei em andamento da Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) que prevê a proibição de menores de 12 anos nas redes sociais e o fim do marketing direcionado ao público infantil.