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Marvel leva bronca de próprio editor por X-Men "se tornarem assassinos casuais"

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Marvel Comics
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A Era Krakoana trouxe grandes inovações para os mutantes da Marvel, transformando os X-Men em uma grande e complexa comunidade de heróis e vilões dividindo uma nação insular. Com isso, o comportamento e os temas das histórias mudaram completamente. O escritor Jonathan Hickman mostrou como a utopia mutante em algum momento se tornaria antipática à humanidade. E isso foi indigesto para muitos leitores, entre eles Tom Brevoort, editor sênior da Casa das Ideias e novo comandante da franquia dos Filhos do Átomo.

O que vimos na Era Krakoana foram, respostas, muitas delas sombrias, para: “E se os X-Men realmente conseguissem chegar à utopia mutante? Como seria essa sociedade de seres poderosos e perigosos, muitos dos quais até pouco tempo atrás eram considerados ameaças globais? E quais as consequências boas e ruins?”

As tramas mostraram que os mutantes, naturalmente, criariam uma cultura muito diferente das que conhecemos, até com elementos opostos às convenções sociais humanas. E a complexidade de suas próprias naturezas alcançaria temas como o questionamento de conceitos religiosos em um contexto em que as pessoas venceram a morte e podem optar por ressuscitar. 

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Krakoa chegou a um patamar sem precedentes, e, assim como vimos a comunidade mutante em toda sua glória terraformando um planeta inteiro para chamar de seu, também acompanhamos a corrupção e a perda da humanidade que ainda restava em vários personagens. Fera, Professor Xavier e Colossus, antes conhecidos como heróis, terminaram essa fase como figuras sombrias e assustadoras, com planos muito mais cruéis do que evitaram no passado.

E, na fase final, o genocído causado pela organização supremacista Orchis, as torturas e perseguições aos sobreviventes, e a destruição de um sonho com requintes de pura maldade, revelaram até que ponto os X-Men suportam tanta violência e ódio antes de devolver aos agressores uma chacina sem piedade.

O que se viu foi uma retribuição sem limites, com vários dos X-Men matando várias pessoas sem pensar duas vezes; muito menos dizendo que “fazer o mesmo nos coloca no mesmo patamar”, que sempre foi a justificativa da equipe ao enfrentar genocidas no passado. Desta vez foi um banho de sangue e Brevoort condena abertamente a Marvel por isso.

Brevoort tem razão em vários pontos

Ainda que seu discurso seja muito conservador, a ponto de ele dizer que não vai considerar o “trisal” de Wolverine, Jean Grey e Ciclope como canônico, o editor veterano da Marvel tem fortes argumentos para várias de suas reclamações.

Para começar, depois de um certo momento, ficava difícil acompanhar e reconhecer muitos dos personagens, que, em vez de tentarem se encaixar na humanidade, simplesmente abandonaram a sociedade tradicional e passaram a celebrar seus próprios sonhos, qualquer conexão com o que foram um dia. E a quantidade de títulos publicados em dezenas de revistas lançadas como séries de uma ou duas temporadas, tornou a leitura de tudo impraticável. Os personagens e eventos se tornaram tão amplos e complexos que era tarefa árdua acompanhar a Era Krakoana por completo.

Os Filhos do Átomo se tornaram ameaçadores e até moralmente questionáveis, com atividades e comportamentos orientados por novas convenções sociais próprias. Brevoort acusa a Marvel de ter transformado heróis mutantes em "assassinos alegres", em entrevista feita pelos fãs em seu próprio programa Man With a Hat.

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“Não acho que os X-Men devam ser assassinos casuais ou alegres. Embora eles certamente tenham estado em situações em que a força letal foi necessária e apropriada ao longo dos anos, não acho que essa deva ser sua configuração padrão. E uma das minhas grandes reclamações sobre o fim da Guerra Orchis foi a facilidade e até mesmo a alegria com que alguns dos X-Men assassinaram seus inimigos”, vociferou.

“Isso é bom para alguns personagens — ninguém vai questionar Wolverine matando um bando de pessoas (embora eu sinta que até ele tem certas regras de engajamento que tentará seguir honrosamente). Mas ver o Noturno teletransportar dois capangas para o espaço profundo e deixá-los morrer pareceu totalmente ‘fora do personagem’ e errado para mim”, exemplifica.

Mas… os X-Men não são exatamente heróis

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Como Brevoort destacou, os X-Men se tornaram particularmente sanguinários na vingança contra a Orchis, já nos momentos derradeiros da Era Krakoana, no início deste ano. Em Fall of the House of X #1, Colossus joga soldados para Wolverine cortar em pedaços enquanto ambos pensam em como chamar seu novo movimento combinado. 

Em Fall of the House of X #2, Polaris libera um exército de alienígenas Brood na base satélite de Orchis, celebrando o ataque enquanto soldados humanos eram literalmente comidos vivos. Emma Frost também assassinou membros da Orchis com alta tecnologia criada para ela por Tony Stark

E a sequência mais chocante para todos os fãs foi ver em X-Men #25 a exemplar heroína Kitty Pride, o “orgulho dos X-Men”, usar seus poderes de mudança de fase de matéria para massacrar uma unidade de agentes da Orchis, enfiando a mão dentro de seus órgãos internos e deixando alguns com os membros vitais de seus corpos presos dentro do concreto.

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Desde que a nova fase From the Ashes começou em julho e agosto, a nova linha de Brevoort vem trazendo uma visão mais simplista sobre o conceito de heroísmo, sem questionamentos filosóficos. “Se nossos heróis vão ser heróis, então eles têm que ser mantidos em um padrão mais alto do que isso. ... Tenho certeza de que teremos muitas áreas cinzentas morais que podemos explorar, mas acho que os dias em que os X-Men casualmente jogavam força letal e riam disso depois acabam agora.”

De qualquer forma, a Era Krakoana trouxe muitos elementos ricos em conceito e em discussões que fazem parte da evolução da própria raça mutante. Na conclusão sanguinária foi a primeira vez que vimos os X-Men em um estado psicológico de ações extremas em uma luta pela sobrevivência de sua nação e espécie, em um ambiente em que a descrição de Brevoort do que é ser "herói" torna-se simplista, tanto em termos da narrativa quanto nas implicações do mundo real da história.

A Era Krakoana fez , do começo ao fim, perguntas difíceis sobre a moralidade de seus personagens, revelando que, mesmo vivendo juntos em um paraíso aparentemente idílico, os X-Men não são fundamentalmente “heróis”. Os Vingadores e o Quarteto Fantástico são pessoas com habilidades únicas que escolhem fazer o bem. Mas os Filhos do Átomo são pessoas que, por força de sua genética, são constantemente alvos de morte, e, por isso, aprendem a se defender com o que podem para sobreviver.