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Como o Flash estabeleceu o Multiverso nos quadrinhos da DC Comics?

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The Flash, filme protagonizado por Ezra Miller, está chegando aos cinemas brasileiros. E, desde os primeiros trailers, a trama já adianta que explora uma linha temporal alternativa, a partir de uma aventura baseada na saga Ponto de Ignição, em que Barry Allen retorna ao passado para salvar sua mãe, e acaba alterando toda a realidade no presente/futuro. Mas como o Flash estabeleceu o Multiverso da DC Comics?

Antes de mais nada, é preciso destacar que não foi exatamente o Flash quem introduziu o Multivero na DC Comics. Na verdade, em Wonder Woman #59, publicado em 1953, a história Wonder Woman’s Invisible Twin (“A Gêmea Invisível da Mulher-Maravilha”, em tradução livre) mostra a Mulher-Maravilha sendo atingida por um raio, levada para uma estranha realidade em que ela encontra alguém idêntica a ela.

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Tara Terruna explica que, em seu mundo, seu nome quer dizer “Mulher-Maravilha”, e a própria Diana Prince conclui que: “a Terra deve ter um mundo gêmeo, existindo simultaneamente ao lado dela! Mas desenvolvendo de forma diferente!” No final, a heroína voltou para casa, e essa Terra paralela acabou esquecida.

Esse esquecimento se deve, em parte, porque, nessa época, a Era de Ouro dos Quadrinhos estava perto do fim. Após o fim da Segunda Guerra Mundial e das próprias mudanças nas humanidade, o tom das histórias e os personagens ficaram desatualizados. Por isso, a chegada do Multiverso da DC Comics só foi considerada com Flash, que já antecipava o marco do início da Era de Prata dos Quadrinhos — um período muito mais científico nos quadrinhos.

O Multiverso na transição da Era de Ouro para a Era de Prata dos Quadrinhos

Três três anos depois de a Mulher Maravilha conhecer sua gêmea paralelo em outra Terra, a DC Comics decidiu reiniciar seu universo de super-heróis, a partir de Flash. Isso aconteceu 16 anos depois que Jay Garrick, o Flash original, estreou em Flash Comics #1, em 1940.

Assim, o novo Flash Barry Allen foi introduzido em 1956, como o cientista forense que é atingido por um raio e passa a ter várias habilidades relacionadas a velocidades sobre-humanas. Já na trama de estreia, Barry é visto lendo uma velha HQ do Flash estrelada por Jay Garrick — era a própria usando a metalinguagem para deixar claro de que não se tratava do mesmo personagem.

Nos anos seguintes, a Era de Prata dos Quadrinhos passou a atualizar os personagens da “velha guarda” da Sociedade da Justiça, que inicialmente deixou de existir. Em seu lugar nasceu a Liga da Justiça, que passou a abrigar as versões revisadas de Lanterna Verde, Flash, Gavião Negro, Mulher-Gavião, entre outros — e, é claro, a equipe tinha a presença de Batman, Superman e Mulher-Maravilha, também devidamente modernizados.

É importante lembrar que, na época, os leitores ainda não tinham uma noção clara de cronologia, e, inicialmente, nem mesmo deram muita bola para essa troca de versões de personagens. Mas isso viria a mudar com a chegada de uma edição de The Flash que se tornou um marco nos, não somente nos quadrinhos da DC, mas em todo o entretenimento e na cultura sci-fi.

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A chegada do Multiverso DC com o Flash de Dois Mundos

Em 1961, o escritor Gardner Fox e o editor Julius Schwartz imaginaram como seria se o Flash da Era de Ouro se encontrasse com o da Era de Prata. Dessa ideia saiu a história Flash de Dois Mundos, publicada, em The Flash #123. No melhor estilo sci-fi da época, a trama mostrava Barry Allen movendo suas moléculas em taxas diferentes, de forma que ele podia mudar de fase e atravessar objetos sólidos — e, neste caso, até mesmo realidades.

A própria aventura mostra que Barry já tem uma noção científica do que seria viagem no tempo ou dobra espacial, então, o herói imagina que esteja mesmo em outra realidade. E, ao perseguir alguns bandidos, ele percebe que está na Terra de Jay Garrick, o herói que ele lia nos gibis antigos e seu antecessor como Flash.

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Depois de eles viverem uma aventura juntos, Barry conclui que muitas Terras podem coexistir em diferentes frequências vibracionais. E, a partir daí, nada mais foi o mesmo nas revistas de super-heróis e até mesmo na cultura pop. Embora a noção de multiverso tivesse aparecido naquela história da Mulher-Maravilha, foi com Flash de Dois Mundos que o conceito foi explicado e “pegou” — vale até lembrar que a série do canal CW homenageou essa HQ.

A partir daí, a DC Comics passou a dividir suas Terras, e até hoje, estamos vendo diversas sagas nas Infinitas Terras, com todas as milhares de versões de seus personagens — aliás, justamente por conta desse histórico, o Flash passou a ter uma importância fundamental em todas as “crises” ou sagas envolvendo o Multiverso DC. E o filme do Velocista Escarlate não trata desse assunto à toa: o cinema foi a única mídia em que as Terras paralelas da DC nunca deram as caras, e o momento de reboot para a nova fase da DC Films é propício para isso.

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Esse conceito também já existia em outras mídias e gêneros, e ganhou ainda mais impulso com Flash de Dois Mundos. E, agora, a Marvel Comics também vem investindo mais em seu Multiverso, que ainda carece de muito estofo mas vem crescendo — e isso é assunto para outro dia, quando colocarmos os dois Multiversos em comparação.